OPORTUNIDADE INESPERADA
Maria
Luiza Malina
“Quando
vi a bolsa dela ali na minha frente, sem ninguém por perto, não resisti.” Era
agora ou nunca. Rápido girei os olhos em 360º. graus ou mais rodopiando no
salto da bota, ao sair ainda pude ver a
farinha do barro que deixei atrás.
Era
linda, não a dona da bolsa, mas a bolsa. Era de um azul que faiscava na maciez
do couro. Não me pergunte mais nada, só sei que enfiei a mão e consegui tirar o
que precisava – os documentos – sabia que a conhecia de algum lugar. A plástica
não escondia a voz que cansou juras de amor eterno. Fiz mais. Disse documentos,
pois é, ela pousava de internacional, a recepção fora para esta pessoa criada
“desde criancinha“ na Ásia. Enganava a todos com um fraco sotaque que
embaralhou realmente a minha cabeça, quase acreditei.
Na
sala, no momento em que peguei o
passaporte, dele se saiu sorrindo nada mais do que nada, o antigo CIC grampeado
à antiga carteira de identidade.
Foi
quando perplexo e desatento pela emoção provocada, apareceu uma prima que me
perguntou o que eu estava fazendo e, áspero lhe respondi – “Se alguém souber o
que aconteceu aqui, você será uma mulher morta!”
Entendeu
a gravidade. Calada, cerrou os lábios olhando com censura para minhas mãos. No
silêncio, pode ouvir meu recado – “Fale baixo, as paredes têm ouvidos”.
“Foi
quando descobri o que a tal de Marinalva, realmente, fazia”.
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