ORFEU
DA CONCEIÇÃO
Oswaldo U. Lopes
A foto é de uma das ultimas cenas do filme Orfeu Negro,
baseado na obra Orfeu da Conceição, primeiro trabalho conjunto de Tom Jobim e
Vinicius de Moraes. Desolado, Orfeu carrega, inconsolável, o cadáver de sua
amada Eurídice. Uma belíssima adaptação da lenda grega de Orfeu e Eurídice
transportados para uma favela carioca.
O que espanta nos gregos não é a culinária, muito simples,
nem a manufatura ou indústria, elementares, embora relevantes na arte da
guerra. O que espanta são os elementos culturais.
Suas histórias e lendas em que deuses se misturam com seres
humanos comuns, interagem e até procriam, refletem pontos sementais da vivência
humana. Não é atoa que Freud foi lá buscar muitos dos elementos de sua análise
psicanalítica. Édipo e o mais conhecido deles, elemento fundante do processo
psicanalítico.
A reprodução da história de Orfeu revivida numa favela e sua
amada Eurídice, com musica de Tom e poesia de Vinicius, criaram no cinema,
momentos de rara emoção. Orfeu buscando o corpo de Eurídice no Instituto Médio
Legal, após o desenlace fatídico faz com que o mito seja arquétipo, enredo da
condição humana a qualquer tempo e lugar. O amor tão grande que mata o ser
amado.
Esse filme prossegue para sua cena final, com um menino tocando
violão na madrugada com o sol nascendo, qual novo Orfeu que fazia, com sua voz
e sua musica esse milagre diário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário