A
Briga
Luiz Guilherme Cruz
Roberto era
um homem raçudo, beirando os 50 anos, olhos desconfiados, cabelos opacos e
escorridos, rosto que pedia respeito com seu sorriso marmorizado. A impressão
de estar sempre emburrado e azedo, era somente para aqueles que não o conheciam
muito bem. Fanático por futebol, sua
paixão até colérica era o Corinthians, tanto que no seu cartão de visitas, além
das informações de contato lia-se CORINTIANÊS, pois fazia questão de
esclarecer ser muito mais do que um simples
corintiano.
Corina, a esposa, chamada carinhosamente de Cheirosa, era um mulherão, como diziam os
amigos mais íntimos. Caminhava para os 45 anos, corpo bem feito com curavas
acentuada, olhos de melaço, boca com
lábios de entorno bem delineados e sorriso ornamentado com o feitio da bondade.
Não se sabendo se por influência do marido ou de que, externa um fanatismo por
futebol, igual ou maior do que o marido. Só que o time para o qual carreava
todo o seu ardor era o Palmeiras. Para não ficar atrás da extravagância do
marido, nas brincadeiras fazia questão de ser chamada de PALMEIRANÊS.
Naquela tarde assistiam pela Tv o choque dos
dois clubes, titânicos e rivais de morte. O jogo seguia morno e caminhando para
uma igualdade em zero a zero, e os dois já conformados com o placar, nem prestavam
mais atenção à partida, quando ouvem o locutor bradar por diversas vezes - Gol
do Corinthians - Roberto não se contém e grita como a sair para um
desafio, PORCA leva esse.
Corina aborrecida por ver seu esquadrão ser
derrotado pelo arqui-inimigo, replica - PORCA não!
Imediatamente ouve o marido replicar - LEITOA.
Foi assim que o amigo Toledo ficou sabendo, o
porquê de Roberto ter sido levado ao Pronto Socorro com uma colossal cisão na
cabeça, originado segundo o boletim médico, por um copaço quebrado no seu cocuruto.
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