No brechó, esperando
Godô
José Vicente J. de Camargo
Aguardo ansiosa
Mão suave e cuidadosa
Tal qual antiga dona
Que com esmero e caricia
Me dobrava e alisava
Quando comigo estava
Pelas ruas passeava
Galanteios recebia
Por ser eu de fina seda
De translúcida alvura
Sentia seu peito arfante
O prazer do meu vestir
E suas mãos agradecidas
Com ternura me tocavam
Um dia de estranhos dedos
Uma lágrima por mim rolou
Lamentando que o coração
Que com prazer eu cobria
Já não mais bater podia
Desde então aqui estou
Pendurada desbravada
Por olhos e mãos alheias
Na esperança que o destino
Me reconduza a um corpo ardente
Devolvendo o prazer de ser
O vestir da vida em flor...
“Poesia é a transformação da tristeza em alegria”
Ferreira Goulart
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