AS GOTINHAS
Carlos Cedano
Meu nome é Mila, sou uma gotinha de água que durante uma
chuva caí com outras num lago grande de águas limpas, e quando o sol aqueceu o
lago virou uma alegria só, e descobrimos que tínhamos belas historias para
contar.
Uma das gotinhas falou de um lugar onde os habitantes já
tinham arado e semeado suas terras e agora suas esperanças estavam voltadas à
chegada das chuvas e torciam por isso! Quando ficamos bem encima irrigamos a
terra com gotas densas e cadenciadas que penetravam na terra como ela gosta,
suavemente e na medida certa, mas nossa maior felicidade foi ver a alegria dos
camponeses que levantando suas mãos agradeciam aos céus, era a certeza de uma
colheita boa sem dúvida!
É minha vez de contar uma historia falou Mila e
começou: Lembro-me que era um lindo dia de primavera e minhas nuvens “viajavam”
calmas e serenas, passamos por cima de extensas plantações arvores frutíferas;
as flores nas árvores vistas por cima, formavam um enorme tapete adornado por desenhos
coloridos, mas isso não foi tudo, com o raiar do sol o orvalho tinha se “empossado”
nas folhas e nas pétalas das flores o que acordou milhões de abelhas ou talvez
muito mais, não sou muito boa em cálculos, que beberam de nossas águas e logo
foram extrair o néctar das flores nesse exuberante jardim de vida!
Pedi para outra gotinha contar sua historia, ela com
voz que mais parecia um sussurro disse: Minha historia é de fé e esperança: Estava
com minhas companheiras num lugar onde quase todo o mundo vestia de branco e
dentro de uma garrafa pendurada num gancho alto encima de uma cama com um
menino de olhos fechados, parecia muito doente e as pessoas na sua volta falavam
baixo e com ar de preocupação. Enquanto
isso, a garrafa se esvaziava lentamente gota a gota num ritmo constante. Daí a
pouco entra outra pessoa vestida de branco, examina o pequeno e logo se dirige
a um casal, os pais sem dúvida, e lhes diz algo reservadamente com voz quase
inaudível e o casal mal consegue segurar seus prantos. Sim o menino parecia
estar à beira da morte! Uma velha senhora cujo rosto denota uma profunda paz de
espírito, pede a todos para dar-se as mãos e rezar junto com ela, ao concluir a
oração disse com voz firme e calma: agora é só esperar... Com fé!
E nossa garrafa em seu ritmo inexorável continuava sua
marcha quando subitamente o menino abre seus olhos e pergunta: mãe, pai vocês
estão aí? Vocês imaginam a felicidade dos presentes? Risos de alegria e
agradecimentos, uma voz se escuta dizendo: milagre!
Belas histórias, disse Mila, mas o sol já está
esquentando muito e a vaporização vai nos levar para os céus e formar novas
nuvens, novas emoções nos esperam e teremos mais historias pra contar!
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