Um crime quase esquecido - Ana Maria Pinto


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Um crime quase esquecido
Ana Maria Pinto

Ele era o que antigamente se chamava "um chefe completo". Previsível, sempre atento a tudo o que se passava à sua volta, era adorado pelos funcionários.

Mas, todos esses atributos são fáceis de manter quando a nossa vida está estável e segura. Quando algo quebra a estabilidade, deixamos de ser quem somos e inexplicavelmente passamos para o extremo oposto.

O nosso chefe semanas antes tinha sido alvo de um inquérito, há muito tempo esquecido na justiça, e que veio à tona, por conta de um juiz recém-chegado à cidade que queria aparecer a todo o custo.

A situação era grave, muitos anos tinham se passado, os acontecimentos esquecidos e os papéis já no arquivo morto.

Ele tinha que provar a todo o custo, que não era culpado, mas estava difícil perante tantas provas apresentadas pelo juiz.

Qual era então o "crime" dele?

Tendo passado grande parte da sua juventude em África, tinha-se envolvido com  tráfico de diamantes, o que era proibido por lei, pois só o Estado podia negociar diamantes. Tinha tido uma rede de colaboradores, desde os que extraiam os diamantes, até os que os traziam para serem enviados para a Holanda, uma grande importadora para fabricação de joias.

Era muito rentável e um desafio maravilhoso para quem é jovem.

Ele tinha um amigo detetive, o Luizão, muito  discreto e competente e nessa hora de desespero resolveu recorrer aos seus serviços.

O Luizão eficiente foi procurar os contatos no seu país para ver quem teria intermediado a negociação.

Depois de muito procurar e entrevistar, Luizão fez uma descoberta inacreditável: Tinha sido o próprio governo que encomendara toda essa negociata.  O réu ficou bastante surpreso, pois ele também não tinha ideia da grandeza da rede da qual ele era simplesmente um elo pequeno que não merecia ser condenado.


E assim ele voltou à sua vida tranquila de empresário, que agora mais do que nunca, lhe parecia maravilhosa.

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