A ORIGEM DOS CURSOS DE MEDICINA NO BRASIL - Oswaldo U. Lopes

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Faculdade de Medicina na Bahia

A ORIGEM DOS CURSOS DE MEDICINA NO BRASIL
Oswaldo U. Lopes

        Quando se trata de analisar a colonização portuguesa no Brasil e em outras possessões ditas ultramarinas, as posições se dividem. A maioria acha, sobretudo comparando com a colonização espanhola, que foi um desastre e um retrocesso, incluindo todos os aspectos da vida, mas sobressaindo a educação. Os mais cínicos (vou junto) acham que foi um sucesso, pelo menos do ponto de vista português. Qual outra potência mundial que conservou colônias até quase o fim do século XX?

        A seu modo Portugal manteve, às vezes com mão de ferro, o domínio sobre as colônias e a exploração de suas riquezas. Há menção, embora faltem documentos, que o famoso Marques de Pombal cogitou de transferir a capital do reino para o Brasil, vislumbrando esta terra, como um centro geográfico mais conveniente para o entrosamento com as colônias ditas africanas. Parece que o terrível terremoto que destruiu Lisboa em 1755 fez com que ele abandonasse estes planos

        Enquanto na América espanhola já há Universidades em pleno século XVI, no Brasil a criação dos cursos de direito, tão celebrados entre nós, nas cidades de Olinda e São Paulo data de 11 de agosto de 1827, quando o país já era uma nação independente.

        A criação dos cursos de medicina é anterior e devemos este fato a Napoleão Bonaparte que, coitado, nunca é deveras celebrado pela iniciativa. Quero dizer, a iniciativa não foi dele, mas ao invadir Portugal as forças francesas forçaram a que a corte portuguesa se transferisse para o Brasil. Aqui chegando D. João VI, na ocasião ainda príncipe-regente, criou de imediato em 1808 o curso de medicina na Bahia.

        Imagino que algum membro importante da corte, tenha passado mal e o atendimento e as condições hospitalares tenham deixado muito a desejar, pelo que sei quase ainda no navio se criou a Faculdade de Medicina na Bahia que ainda hoje funciona na cidade de Salvador, no Terreiro de Jesus.

        Escolado pelo que viu na Bahia, D. João foi cuidando de criar outra escola de medicina no Rio de Janeiro. Para tal editou o famoso decreto dito do Bom Será, na data de Primeiro de abril de 1813.

        A leitura de tal decreto é deliciosa e o recomendo a todos os interessados, por razões de espaço reproduzo aqui somente os quatro primeiros artigos:

I - OS ESTUDANTES PARA SEREM MATRICULADOS NO PRIMEIRO ANO DO CURSO DE CIRURGIA, DEVEM SABER LER, E ESCREVER CORRETAMENTE.
II – BOM SERÁ QUE ENTENDAM AS LINGUAS FRANCESA, E INGLESA; MAS ESPERAR-SE-A PELO EXAME DA PRIMEIRA, ATÉ A PRIMEIRA MATRÍCULA DO SEGUNDO ANO, E PELO DA INGLESA ATÉ A DO TERCEIRO.
III – A PRIMEIRA MATRICULA SE FARA DE QUATRO ATE DOZE DE MARÇO, E A SEGUNDA DE DOUS ATÉ SEIS DE DEZEMBRO.
IV – O CURSO COMPLETO SERÁ DE CINCO ANOS.

        Na Escola Paulista de Medicina só eu e o Prof. Prates da Anatomia conhecíamos o famoso decreto que por causa do segundo artigo passou a história como do Bom Será.

        Ao tomarem conhecimento do primeiro artigo os demais membros da Congregação passaram a denominar D. João como o Sábio e que queriam gravar suas pertinentes determinações nas paredes da sala. Deve-se registrar, a bem da verdade, que a bancada estudantil queria que o mesmo princípio valesse para o Corpo Docente o que seria desejável, mas não estava previsto no decreto de João.




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