Visita
inesperada
Ledice
Pereira
Aquele
lugar aterrorizava pela escuridão e teias de aranha que povoavam a mata.
O
grupo, que largara os carros na entrada, aventurava-se a pé por ali, tentando
abrir caminho com os facões e com lanternas.
O
destino era uma casa abandonada, que um dos rapazes, Jorge, havia frequentado
quando menino. Pertencera a um tio que desapareceu em circunstâncias
nunca explicadas. Na verdade, o corpo do tio nunca apareceu.
Jorge
não imaginava que o caminho estivesse tão abandonado. Como sua família ficou
com uma chave da casa resolveu convidar os colegas, que com ele se formavam
para, juntos, passarem o final de semana prolongado no lugar comemorando o
feito.
Lembrava-se
bem que era um belo lugar cercado por um lago e cheio de árvores frutíferas.
Ali,
na infância, costumava passar férias e a lembrança das braçadas que dava no
lago e das frutas que comia ao pé das árvores, junto com seus primos e amigos,
estavam gravadas na memória.
Quando
a tia faleceu tio Maneco optou por permanecer ali na companhia de um velho
empregado, Doca.
Depois
do sumiço do tio, nunca mais tinham estado lá.
Finalmente,
conseguiram vencer aquele matagal e encontraram a velha casa ali escondida.
Os
ruídos estranhos assustavam-nos a ponto de alguns desejarem desistir. Preferiam
procurar alguma pousada para passar a noite, mas Jorge os fez repensar,
convencendo-os de que no dia seguinte tudo seria diferente.
Estavam
exaustos e famintos, mesmo alimentando-se com os farnéis trazidos.
Quando
pensaram que dormiriam o sono dos justos risadas e grunhidos cada vez
mais altos se fizeram ouvir.
A
impressão era de que algum animal rondava a casa. O som que ele emitia,
entretanto, não se assemelhava a nenhum animal que já tivessem ouvido.
Munidos
das lanternas e cheios de coragem resolveram investigar a origem daquele ruído
estranho.
Jorge,
o primeiro a sair, logo caiu desmaiado na varanda. Os outros foram saindo e,
enquanto alguns tentavam reanimar o amigo, os demais viram o que provocara
aquela reação: uma criatura verde, baixa e corcunda, com apenas um olho acima do
nariz. Com a pele de cobra tentava tocá-los com mãos esquisitas de apenas três
dedos avermelhados.
Os
rapazes estavam em total estado de choque. Aquele monstro asqueroso ria
exageradamente pulando com seus pés de pato.
Os
jovens resolveram juntar seus pertences e convenceram Jorge, que já havia
voltado a si e estava perplexo, a deixar aquele lugar maldito.
Não
sabem como alcançaram os carros, perseguidos por aquela criatura.
Assim
que ligaram os automóveis puderam ouvir gritos alucinantes que cortavam a noite.
Sem
querer, tinham acionado o que mais atemorizava o ser monstruoso, o ronco dos
motores dos veículos.
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