CIBELE NA TERRA DO NUNCA - Oswaldo U. Lopes


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CIBELE NA TERRA DO NUNCA
Oswaldo U. Lopes

         Lá estava Cibele nossa misteriosa e poderosa sereia jogando canastra com os botos. Não, não essa canastra que as peruas jogam ao cair da tarde na casa das amigas ou no clube. Embora inclua baralho nem de longe lembra o jogo que às vezes é confundido com o buraco.

        Gozado o jogo deles tem canastra, baralho e buraco, mas é totalmente diferente de qualquer coisa que você pense. Resumindo:

1-   A canastra é um velho baú que eles recuperaram de um navio pirata que se aventurou pelo Amazonas.

2-   Buraco é o que eles fizeram na tampa da canastra.

3-   O baralho, sim é baralho mesmo. O jogo consiste em arremessar uma carta e acertar o buraco da canastra.

        Cibele não é campeã, no máximo consegue um terceiro lugar. O maioral é Federico o boto das piadinhas que se dá ao luxo de jogar a carta para o alto e arremessá-la com o nariz quando ela ainda esta no ar. Para não dizer que não erra uma, digamos que acerta 99% das vezes.

        Estavam assim entretidos quando ouviram um leve bater de asas. Era Sininho a linda fadinha amiga do Peter Pan que vinha lá da Terra do Nunca.

— O que a traz por aqui? - Perguntou Cibele que como sabemos fala praticamente todas as línguas e linguagens.

— O Capitão Gancho conseguiu forçar a barra e se instalou na Lagoa de Dentro e está com os canhões voltados para a moradia dos meninos.

— E as suas sereias não fizeram nada? - Continuou Cibele.

— Elas são ótimas, mas não têm poderes como os seus. A coisa está feia. O Barriga, seguindo ordens do Capitão, já está com a mecha acesa, o Gancho quer rendição incondicional e marcha pela prancha.

— Vou chamar os tritões e vamos todos para lá. Você tem bastante pozinho?
— Sim,  explicou Sininho.

        Foi assim que Cibele, os botos e um par de tritões partiram para a Terra do Nunca, lar de Peter Pan. Lá chegando estudaram a situação que era de fato ameaçadora. O barco do capitão tinha todos os canhões voltados para o lar dos meninos e a famigerada prancha já colocada em posição com o Barriga ao lado dela.

        Dividiram as funções. Os botos foram procurar o crocodilo e avisá-lo que daqui a pouco o temível Capitão Gancho estaria na água, pronto para ser comido. Os tritões com a ajuda das sereiazinhas locais dirigiram-se para o fundo do barco para ver onde e quantos furos seriam necessários para que aquela joça naufragasse.

        Agiram todos em conjunto e de modo rápido. Num piscar de olhos o barco fazia água e afundava, o crocodilo nadava por perto e o Capitão Gancho agarrado no topo do mastro via seu navio afundar célere.

        Tendo o perigo sido afastado os meninos propuseram e puseram mãos a obra, oferendo aos amigos marítimos um excelente churrasco em que não serviram peixes por razões obvias. Num canto Cibele conversava com Peter Pan e pensava que guapo rapaz este, não?


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