POMBOS
Oswaldo Romano
Em 1942 eu, uma criança, queria ser
grande. Perseguia situações inusitadas.
O estilingue no pescoço, montava planos
de se esconder da guerra que envolvia o mundo.
Morando no interior do Estado, nos
preocupava o fato do Albino, meu irmão mais velho residente na Capital, estar
sujeito a ser convocado para as forças que se preparavam para combater na
Itália.
Em Mineiros, a cidade que nasci e
morava, estava infestada por pombos, alvo manso e fácil, desprezado pelos
meninos caçadores. Fomos alertados pelo mano de São Paulo, do perigo de doença
que essa ave podia transmitir.
Disse
ter sido um amigo médico, diretor do hospital quem o alertou. Desse feliz papo,
nasceu a pergunta do doutor:
—Albino, você tem condições de embarcar
esses pombos? Eu os compro.
—É sério doutor? Amanhã lhe darei a
resposta.
Foi
aí que entrou na parada o menino que queria ser grande. Não mata-los, mas
caçá-los.
Fiz
algumas arapucas de bambu. Não davam conta!
Centenas deles foram engradados e
despachados para a Estação da Luz. Estação que falavam maravilhas dela. Morria
de vontade de conhecê-la.
Contratando
uma carrocinha, transporte muito usado na época, Albino retirava os engradados
na estação, e entregava de imediato no hospital.
Eu ganhava cinquenta centavos cada ave.
Não soube quanto ele ganhava. Mas soube
que nesse tempo, o de guerra, esses doentes não deixaram de tomar a saborosa canja.
Seriam oferecidas como de galetos,
codornas. Faisão é o que não era.
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