Quebrando
a Corrente
Ledice
Pereira
Quando cheguei já era
muito tarde, o barco já ia muito longe, pude vê-lo se distanciando cada vez
mais.
E nele partia Renato, que
eu julgava ser meu grande amor.
No dia anterior tivemos
um encontro conflitante. Lançávamos farpas, um no outro. Agredimo-nos
verbalmente.
Ele insistia em querer me
dominar e não aceitava que eu brilhasse na atividade que exercia. O fato de ser
meu superior não lhe dava o direito de me diminuir, ainda mais na frente dos
outros arquitetos.
Quando fui admitida por
ele, foi o meu curriculum que o impressionou. No entanto, a partir do momento
que passei a me destacar senti uma ponta de ciúme dele sobre mim.
Até que a paixão foi mais
forte e começamos a nos relacionar.
Ele colocava defeito em
todos os meus projetos ainda que os mesmos encantassem os clientes.
Nossa relação
profissional passou a interferir na pessoal.
Passei a sentir-me
acorrentada e quando tentei terminar o namoro ele ficou muito violento
demonstrando sua verdadeira personalidade.
Ameaçou me desligar do
escritório de Arquitetura, se eu não o acompanhasse na viagem de barco que
faria no dia seguinte.
Deu-me uma noite para
pensar. E eu não preguei o olho, adormecendo quando o dia clareava.
Acordei assustada com o
barulho dos carros que invadiam minha rua, descobrindo que teria exatos
cinquenta minutos para chegar ao porto de onde os barcos partiam pontualmente.
Corri o que pude para
vencer os tantos quilômetros que me separava do ponto de partida, cheguei com
segundos de atraso.
Havia rezado tanto
pedindo proteção ao meu anjo da guarda que, creio, foi ele quem me fez
adormecer pela manhã.
Tive a certeza de que
jamais seria feliz ao lado de alguém tão dominador.
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