Aprendiz de fada - PARTE I
Angela
Barros
Era férias de verão, o sol caia lentamente para sua
jornada ao outro lado do mundo quando Aninha e sua família entre brincadeiras e
bate papo animado, depois de um dia festivo na casa da vovó Dinda, voltavam
para o sitio numa pequena cidade de Colinas do Sul na Chapada dos Veadeiros.
A
menina, apaixonada por cavalos se distrai com um do outro lado da cerca que, de
cabeça baixa, devora
uma bocado de grama, seu jantar. Quando Ana dá por si, olha em volta e não vê ninguém.
Desesperada abre o berreiro chamando seus pais e irmãos, nada. Corre na esperança
de alcançá-los, não consegue e ainda por cima se depara com uma bifurcação na
estrada de terra. Exausta cai sentada. As lágrimas escorrem no seu rostinho
apavorado.
De
repente, escuta uma vozinha suave e baixinha chamando o seu nome. Olha para um
lado, nada. Olha para o outro, nada. Sente um ventinho sobre sua cabeça, levanta os olhos e vê um bichinho parecido com uma borboleta. Com as mãos sujas
pelo barro da estrada esfrega os olhos ainda molhados para ver melhor. Tenta em
vão afugentar o bichinho:
— Sai borboleta! - Dá
um pulo, corre afugentando o bicho que não se abala e continua balançando as
asinhas.
—
Sai, sai
borboleta!
—
Eu não sou uma borboleta!
—
Socorro, socorro,
grita! - Ana esfrega e arregala os olhos então vê uma menina mais ou menos da sua idade, sete
anos, bem pequenininha que caberia na palma da mão, com olhos que variam de cor, uma hora é azul como a água de uma piscina,
depois verde como uma esmeralda pura. O vestidinho é branco, nas costas duas
asas multicoloridas, iguaizinhas a de uma borboleta como a de Sininho do Peter
Pan. Do seu corpo liberam raios luminosos que trazem alegria e encantamento por
onde passa.
Não tenha medo, estou aqui para ajudar você a encontrar
o caminho de casa. Sou uma fada protetora de crianças. Ainda estou em treinamento mas já consigo fazer pequenas
magias, como me teletransportar para qualquer lugar e voar na velocidade da
luz. Logo, vou conseguir me transformar em qualquer bichinho ou até ficar
igualzinha a você. Sempre que uma criança precisa de ajuda para qualquer coisa
eu venho do bosque encantado de um espaço paralelo para o seu mundo.
—
Por favor, me
leve para casa!
—
Claro, é pra já! Siga-me.
Diante da bifurcação da estrada a fada segue firme para a do lado
direito certa de que logo estará deixando Ana em casa sã e salva.
Só que está
demorando muito para chegar em casa. A menina acha estranho, nunca demorou
tanto tempo da casa da sua avó até a sua mas, continua seguido a fadinha.
Depois de um tempo Ana cai como uma geleia no chão, suas pernas não aguentam
mais dar nem um passo de tão cansada.
—
Fadinha, não aguento mais, você tem certeza de que sabe como
encontrar minha casa?
—
Sei sim! Oh, não! Minhas antenas enlouqueceram, estão apontando para
todos os lados. Estou ficando tonta.
Plaft! A fada cai
na cabeça da menina e apaga.
Aprendiz de fada - PARTE II
Lágrimas brotam dos olhos de Ana enquanto tenta acordar
a fadinha desmaiada que seria sua salvação,
quando escuta algo se aproximando e vê uma linda fada adulta. Ela é morena, com
grandes olhos castanhos, cabelos pretos presos num coque, adornados com uma
tiara de folhas. Usa um vestido curto também de grandes folhas verdes, longas
luvas e asas iguais a da fadinha que irradiam as cores do arco-iris.
— Minha filha, quantas vezes falei
para você não sair do nosso
bosque!
Dá um leve toque na antena da fadinha que feliz
desperta e abraça a mãe.
—
Mamãe! Desculpa mas não poderia
deixar de ajudar uma menina perdida numa estrada deserta mas, fiquei cansada,
minhas antenas enfraqueceram e desmaiei. Você pode aumentar os meus poderes
agora? Já vou fazer 15 anos! Por favor!
—
Minha pequena, eu
não tenho esse poder, só o nosso
mestre ancião pode fazer isso. Quando
voltar ao bosque encantado, no dia do seu aniversario você ganhará suas asas
definitivas e todos os poderes de uma fada. Agora, vamos ajudar sua amiga a
voltar para casa, seus pais devem estar muito preocupados.
A
fada mãe tira de uma
bolsinha um pó verde e jogo sobre Ana que flutua de volta para casa.
—
Mamãe, papai, cheguei grita a menina!
—
Chegou de onde
minha filha?
—
Da estrada. Eu
estava perdida e as fadas colocaram um pozinho mágico em mim que flutuei até chegar aqui.
— Meu anjo, você estava
sonhando!
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