UM CASO DE POLÍCIA - Oswaldo U. Lopes


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UM CASO DE POLÍCIA
Oswaldo U. Lopes
(Texto coletivo criado em aula dia 02 de agosto de 2017)

        — Acorda Heitor, acorda! Tem alguém na cozinha. Escuta! – disse a mulher sacudindo freneticamente o marido. O homem se pôs imediatamente em pé, arisco, atento. Havia mesmo alguém na cozinha...

        Ali começou a dúvida, pegar o revólver na gaveta ou trancar a porta como recomendava o delegado na televisão.

        Bem, podia ser nosso cachorro o Big Boy que gostava de fazer muitas estripulias quando conseguia entrar na casa. Só que os sons do Big Boy eram os rotineiros, como se ele conhecesse o invasor. Sim, invasor, pois conseguira chegar até a cozinha, deve ter dado algo para o cachorro comer e agora ligou a água da pia, para que?

        Agora também o liquidificador está ligado, será que a Margarida chegou mais cedo e já esta preparando nosso café da manhã?

        Heitor resolveu investigar o que estava acontecendo na sua cozinha. Passou a mão no revólver e, resoluto, desceu. O fez na ponta dos pés, calçado apenas com as meias grossas com que costumava dormir.

        Já estava no meio da escada quando seu grito ecoou no silêncio da noite. Havia escorregado num brinquedo do filho, esquecido no meio da escada. Dizia, em silêncio, os maiores palavrões enquanto rolava escada a baixo.

        Com os gritos e o barulho a mulher apareceu na porta do quarto ainda morta de medo. Deu alguns passos vacilantes até a balaustrada e olhou para baixo.

        Heitor estava estatelado ao pé da escada e gemia de dor. Ao lado dele Big Boy o enorme dinamarquês lambia-lhe o rosto e não se abalava com os empurrões que o ferido lhe dava. A mulher acendeu a luz da escada e deu um grito ao ver ao lado do marido Chico, o passeador  de cachorros que chegara para levar Big Boy, este, muito interesseiro, mudou de lugar e se juntou ao Chico.

        — Desculpe Dona Dora pelo barulho é que sai com pressa e não tomei em casa o café da manhã.

        — Já íamos chamar a polícia, pensávamos que era um ladrão. - comentou Dona Dora.

        Heitor, ainda deitado no chão, contemplava as escoriações, o joelho inchado e pensava:


        — Como diria o tio Antonino “Porca Miséria!”. Se os dois continuarem juntos agarradinhos assim, resolvo tudo com um tiro só e ainda economizo bala.

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