PAU – A –
PIQUE
Oswaldo
Romano
Foi uma tristeza. Judiação é a
palavra mais usada. O casebre deveria ficar pronto em quinze dias. Simples,
muito simples, seria desmanchado depois da colheita.
Acomodação para o casal Pedro, Maria
e seus dois filhos. Como os demais da colônia, estava sendo construído de
Pau-a-Pique.
A mata, vizinha a futura plantação,
fornecia o material necessário. Bambu era o que não faltava. E bonito, grosso,
amarelo. Chamado pelos colonos de Bambu Baiano e pelos empreiteiros de
Imperial.
Na sustentação eram usados troncos
dos coqueiros, encontrados pela mata a fora. Claro, o melhor dele estava junto
a sua copa, e de imediato era a parte por todos cobiçada: o famoso e delicioso
palmito. O barro era cavado ali na beira do riacho. Amassado com argila e
lançado, dizem no sopapo, nas treliças de bambus, formando as paredes.
Estava nesse ponto. Pedro, Maria e
seus dois filhos, vibravam com o futuro abrigo. Não conheço ninguém que deixe
de vibrar quando vê se realizar a esperada construção do que será o seu lar.
Logo mais seria coberta, um galho amarrado na sua parte mais alta convidaria
vizinhos para uma simples, mas gloriosa comemoração.
Chuvas eram esperadas, porém só para
quando plantadas as sementes. O homem do campo, sente o tempo. Mas seu poder
não alcança o imprevisto.
Assustando
surgiram detrás da montanha nuvens negras.
Desgraçadamente
desaguaram na colônia em construção. Sempre abençoadas, mas no plantio.
Sob os olhos de Pedro e Maria as
paredes derretiam. Quanto trabalho perdido! O barro escorria, escorria
procurando o rio. O pequeno castelo de Pedro e Maria se desmanchava.
Cessando a tempestade, dita como
passageira, viam-se por detrás da montanha novo volume se aproximando. Pedro
desiludiu-se de vez. Sentou-se numa pedra, ascendeu o pito, olhou sua obra e
num gesto próprio do caipira falou com sigo mesmo: Deus sabe o que faz. A casa
podia cair sobre a família quando pronta.
Teve um momento de paz quando viu a
inocência dos seus filhos brincando com varas de bambu, prontas para a parede,
tremulando no espaço.
— Filhos! O que estão fazendo?
— Morcegos, pai. Morcegos.
Olhando as crianças, foi o ânimo que faltava ao
pai para decidir começar tudo de novo.
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