MUDANÇA DE TOM
Jeremias Moreira
O táxi mal parou, Tadeu nem esperou o motorista dizer o valor da
corrida, se antecipou e estendeu uma nota de cinquenta. Demonstrava certa
apreensão. Enquanto esperava o troco viu JB sair do prédio e se afastar
apressado em direção ao estacionamento. Rápido, pôs a cabeça para fora e gritou
para o sócio esperá-lo. Estava ansioso para saber o resultado da reunião que JB
tivera na noite anterior com um cliente que ameaçava cancelar a obra. Pegou o
troco sem conferir e apressou-se, em meio aos transeuntes, até alcançar o
sócio. Mal Tadeu chegou, JB pôs-se a andar. Andar não foi exatamente o que fez,
na verdade estava mais para uma marcha atlética. Em meio a esse atropelo JB
explicou, rapidamente, que prometera ao Araujo que faria uma revisão no
orçamento e que reduziria o que fosse possível do preço apresentado. Diante
disso o cliente dera mais prazo até receber o novo custo:
− Você não pode parar um instante e me
explicar direito como foi o papo com o Araujo? Por que essa pressa? – indagou Tadeu, irritado, meio esbaforido pelo ritmo da
caminhada do sócio.
− Cara, mil desculpas, mas agora não tenho
cabeça. A ZiIú acaba de ligar. A Betinha caiu, bateu a cabeça e está tendo
convulsões. Vamos levá-la ao pronto socorro infantil, urgente. – justificou
JB.
− Há alguma coisa que eu possa fazer? –
abrandou Tadeu, constrangido pelo tom com que interpelara o sócio.
− Não, obrigado! Vamos ouvir o diagnóstico do
médico e torcer para que não seja nada!
− Qualquer coisa, liga!
Tadeu parou e observou o sócio atravessar a rua
e entrar no estacionamento. Sentia-se mais calmo. Mesmo sucinta, a notícia de
que o Araujo os mantinha no jogo o tranquilizara.
Quanto ao acidente com a filha de JB, no
momento, não havia o que pudesse fazer, então resolveu voltar para o escritório.
Ainda tinha a respiração acelerada quando se
virou e notou que estava diante da padaria.
Entrou para tomar um cafezinho!
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