INCIDENTE NO METRÔ
Carlos Cedano
Moro na
região leste da cidade perto da Estação de Metrô, a qual utilizo diariamente para
ir ao meu trabalho. É uma área perigosa pra quem é um palmeirense fanático como
é meu caso, mas sou prudente nas minhas manifestações futebolísticas, não posso
arriscar! E quando sou perguntado ao respeito digo que meu esporte favorito é o
tênis de mesa o que me dá uma condescendente “imunidade” e sorrisos irónicos!
Mas nada me
faria pensar que neste dia minha viagem seria diferente, cheio de emoções num
festival de risos misturado com insultos e agressões!
Na estação, seguinte,
subiram duas vistosas mulheres que atraíram a atenção tanto de homens como de
mulheres. Elas apresentavam um figurino que em qualquer circunstância seria
qualificado no mínimo de ousado e até escandaloso! Como era de se esperar para a
maioria dos homens foi como “um colírio para os olhos”, e pra as mulheres um exemplo
de mau gosto e falta de vergonha!
Ambas entre
os trinta e trinta e cinco anos estavam vestidas com saias bem curtas e
apertadas, uma delas com blusa rosa choque transparente e a outra com blusa
verde fluorescente, além disso, usavam sapatos de salto dez, maquiagens
carregadas e enfeites de bijuteria de mau gosto.
Mas o que
mais perturbava os usuários eram suas conversas em voz alta, e estridentes. A
irritação crescia e o ambiente se deteriorava! A situação tornou-se definitivamente
insustentável quando as amigas começaram a escancarar suas vidas privadas:
— Sabe Daisy, não vejo a hora que
meu marido parta para fazer esse curso de três messes em finanças públicas no
México, mas parece que só será na próxima quinzena, tomara que seja assim!
— Por que Carol? Está atrapalhando
teu caso com Renato?
— E você nem sabe como! Ele quer
terminar comigo e me acusa de não “esforçar-me” para a gente se encontrar no
seu apartamento, mas meu marido não me está dando folga, marcação cerrada!
Um
burburinho se espalhou pelo vagão com palavras abafadas de desaprovação e
comentário jocosos, a temperatura entre os usuários subia e as duas amigas não
estavam nem aí!
Daisy
comentou com a amiga:
— Imagina Carol! Meu marido me disse que viajaria para o norte a negócios
e fiquei sabendo que foi com sua amante para a praia de Boa Viagem e que estão
hospedados num hotel cinco estrelas!
— E você vai ficar quieta? – perguntou Carol – Bota chifre você também! Não seria a primeira vez, né?
Do outro lado
do vagão alguém gritou:
— Se você precisar de ajuda minha flor! Sou candidato.
Foi o
estopim!
Uma anciã
que estava perto das amigas e que parecia muito indignada disse-lhes:
— Vocês acham que os ouvidos das pessoas são penicos? Chega de falar de suas
vidas pecaminosas e nojentas. Vocês são umas barraqueiras e com certeza irão pro
inferno!
Sim, Sim com
certeza repetiu um coro de pessoas que estava perto delas. Carol com ar de
desafio disse:
— Vocês acham que me metem medo
seus trouxas? E você velha de m......a, agradeça, pois você não aguentaria um tapa meu se
não........
— Epa, epa! A quem você vai dar um
tapa? – interrompeu um negão alto e
forte - Você esta mexendo com minha mãe
sua vagabunda disse ele avançando pra cima dela!
A situação
escapou do controle! Alguns caras trataram de se interpor entre as amigas e o
negão que avançava repartindo tapas e pontapés a torto e a direito, foi nesse
momento que alguém puxou o alarme de emergência e o trem brecou
intempestivamente ocasionando a queda de muitos passageiros provocando lesões e
ferimentos em muitos outros.
Abriram-se
as portas do vagão e em cada uma delas já estavam esperando pelo menos dez
seguranças, o chefe da segurança de imediato percebeu que não seriam suficientes
os trinta homens e pediu para liberar a entrada da policia militar, também
pediu a presença de médicos e ambulâncias.
Dos quase
cento e cinquenta passageiros somente foram detidos cinquenta e duas pessoas e
a muito custo, somente o negão precisou de oito homens pra segurá-lo.
Na Delegacia
de Policia do Metrô iniciaram-se os interrogatórios. No décimo depoimento o
delegado percebeu que duas mulheres tinham tido um papel preponderante nos
incidentes e pediu para um subordinado trazer as mulheres de nome Carol e Daisy.
Passada meia
hora retornou o subordinado dizendo que não havia mulheres com esses nomes.
Daisy e Carol tinham-se esfumado!
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