Vida nova - Mario Tibiriçá


VIDA  NOVA
Mario Tibiriçá

Tenho  trinta e dois anos, casada há dez. Maníaca  por  responsabilidade, sou descontente com  meu  dia a dia e meu sofrer.

Reclamo  vinte quatro horas, do ritmo alucinante, do cansaço, dor  e tristeza.
 Mas,  não abdico  da responsabilidade  da casa, do marido  e dos filhos. Porém,  da vida que levo, sem nada levar da vida.

Não tenho roupas ou joias, apenas responsabilidades. Até quando? Tenho apenas em meu  pensamento não poder parar.

Preocupo-me  sempre   com eventuais horas transviadas, só as tenho
para  o dever.... Até quando?

Tenho sim saudades e lembranças, mas só sei o que faço. A  absurda
violência do trabalho extenuante, me levou a pensar.

“Tenho  saudades de mim”

Não sou de  ninguém, nem dele para quem sorri.  Hoje  é  o fim   do  que  não foi.

Mudei!  Leves  vestes ao vento, sorriso  feliz  da  independência. Sinto-me como  se tivesse esperado eternamente  a vida certa e conhecida. Tudo mudou! Nunca mais!  Não mais serei prisioneira da prisão fechada que foi meu mundo.

Agora só quero saber  de música, alegria  e sonhos. Serei feliz!

Fiz da vida, o que ela fez de mim. Agora dos sonhos da noite que começa, para sonhos novos me entrego.

Quem sou hoje é o espectro  do que não serei,  estou me demitindo  de mim mesma, a vida hoje começa de novo.

Certamente serei feliz.


Cabelos ao vento, sorriso nos lábios, alegria  e felicidade, além de trabalho sem correntes, livre, dedicado e bem humorado. O amor também virá, entrando em novo momento, finalmente me encontro  á sós no mundo e meus  falsos  passos ou verdadeiros  seguirei, sem pressa, mas com coragem  e confiança.

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