A Dona do Controle
Vera
Lambiasi
A medida que a rede social do marido
ia transbordando de amigas, Marilza sentia-se cada vez mais insegura.
Casara-se com o jovem cineasta, que
tinha sempre uma ideia na cabeça, certa de que iria levá-lo à sua área, a
publicidade.
Marilza convencia o mais duro
cliente, com seus dotes persuasivos, mas Norberto mantinha-se fiel aos seus
filmes noirs.
Mais velha, não compreendia as experiências
do marido com a “Pura Nudez Imaginária”, como ele definia suas sessões.
Enquanto Marilza trabalhava na
agência durante o dia, Norberto fazia tomadas em bosques com suas ninfetas. De
noite, repassava o conteúdo, do computador para a TV gigante da sala. Ao ouvir
o carro de Marilza, mudava de canal para o telecine cult. Interpelado,
explicava suas preferências por algo mais denso do que os comerciais de
margarina da esposa.
Marilza vasculhava o menu do
controle, nada encontrando de desabonador. Até que um dia seu computador
quebrou, e foi ao de Norberto para trabalhar. Numa pasta intitulada
“Experiências” foi de cara ao inevitável:
Pornografia pura! E o próprio
atuando.
Com aquela cara de anjo intelectual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário