Vida
de Ferroviário
Vera Lambiasi
Everaldo fazia a linha turística
Tiradentes-São João Del Rey duas vezes por dia.
Dos seus áureos tempos de
maquinista, fora o que sobrara para sua função de dedicado homem das ferrovias.
O Brasil já não era mais o país das glamourosas viagens de trem, e a família
penava com a condição financeira do chefe.
Viviam em Bixinho, cidadezinha
vizinha a Tiradentes, e sua esposa era artesã de Espíritos Santos e
Namoradeiras. Seus filhos, adolescentes atléticos, acompanhavam turistas em
caminhadas na Serra de São José.
Everaldo pingava com seu soldo, no
final do mês.
Saúde debilitada, já não aproveitava
o passeio, apenas ia, e voltava.
Respondia, desanimado, às perguntas
das crianças em excursões. Aquilo tudo já não o encantava mais.
Numa tarde quente, vindo de São João,
Everaldo caiu na escada que levava ao vagão de passageiros. Suas curtas pernas
não alcançaram o topo. Despencou, para ser acudido pelos transeuntes.
De ambulância, foi levado ao
hospital.
E, de carro fúnebre, após 3 dias, ao cemitério.
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