PELO
AVESSO
M.luiza de C.Malina
Loreta casara-se com o príncipe encantado.
A vida seguia com um porém... Ausentava-se de casa
apenas na companhia do marido. Viagens curtas em finais de semana ou desfrutar
da casa com os habituais churrascos.
A clausura era quebrada pelo contato com as “comadres”
por telefone. Nada de internet.
Entre tantas conversas caraminholadas, aceita a opção
por desconfiar do marido: ao sair pela manhã, perfuma-se de maneira estonteante
e ao retornar, a impressão é de que acabara de sair de uma bela chuveirada de
tão renovado e suave perfume.
Loreta lhe prega uma peça. Marca com um beijo seu colarinho,
pelo lado avesso. Ansiosa, o aguarda mais sorridente do que de costume.
As camisas retornam sem as marcas deixadas.
O processo continuou silenciosamente.
Duas semanas se passam.
Certo dia ao entrar em casa catarolando, tira o paletó.
A camisa exibe uma bela marca de batom – a música é inebriante – ele a convida
a dançar.
Agarrados, ela o despe. Disfarça e confere que desta
vez, a sua marca lá está.
Dançam e bebem enamorados de si mesmos.
Em grandes perdas e conquistas o avesso é um território
perigoso.
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