VELEJANDO NO VENTO QUE VENTA AQUI - M.Luiza de C.Malina



VELEJANDO NO VENTO QUE VENTA AQUI
M.Luiza de C.Malina

O Magnun, ele se saiu bem nas aulas, coleciona certificados e passaportes, tal qual o pai, que se aperfeiçoa na profissão.   

Magrinho esperto que só, aprendeu aos oito anos, o que lhe valeu um certificado podendo assim velejar na Alemanha.  De seu apelido de Magrinho, no batismo da Capoeira, transforma-se num adulto de porte físico militar, alto de olhar lanceiro e observação à flor da pele, nada lhe escapa, o que alias, conseguiu por insistir em servir o exército, na Polícia Militar.

Magrinho corajoso, certa vez o veleiro inesperadamente virou de lado, em meio a uma densa e repentina neblina acompanhada de forte vendaval, em pleno mar aberto. Nada se enxergava.   Nada se entendia.  O pai, que junto velejava, não localizou o corpo franzino em meio às vagas e, lhe procurou com voz mega fônica de desespero:

- Victoooooorrrrr, onde você está?

O pequeno emergiu em meio às ondas e respondeu entre boas golfadas:

- Tô aquiii pai! Tô tentando desvirar a vela – justificou.  Hábil, mergulhou no embalo da onda e tudo se resolveu a dois, em um záz traz.

- Ufa, essa foi por pouco! – exclamaram aliviados, deslizando-se entre o controle do leme e da vela que, pretendia novamente se render aos encantos do mar.

À casa de praia, a vela azul e branca descansava em cima da grama.  Aguardava uma nova aventura. Mas, como havia falta do vento que ventava aqui, misturou-se entre os coqueiros de um dia ensolarado, de brisa que exalava o sopro quente fazendo até passarinho desmaiar.

O Mar Virado descansava como se nada houvesse acontecido.

O céu clareou e acalmou sua musa, a natureza!

Becherovka, uma dose em um só gole e, todos os males se vão no bater dos copos vazios sobre a mesa, o silêncio se rompe entre os homens do mar; gargalhadas e fortes abraços pedem mais uma. Nazdraví! Saúde!

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