O treino
Jeremias
Moreira
Rivalidade, preciso treinar com
mais afinco.
Uma parte da minha equipe de
corrida, a “Run For Life”, é muito competitiva. Se isso é um estimulo para superar
metas, para quem não consegue o devido repouso, é muito desgastante. Pertenço
aos dois grupos: o competitivo e o que não descansa. Ando relapso, a corrida
libera a endorfina e creio estar viciado. Quando o Homero me convidou para praticarmos
corrida no seu sítio, no sábado, aceitei de bom grado. O sítio fica em Aldeia da
Serra. Ainda estava escuro quando peguei a Rodovia Castelo Branco. Havia pouco
trânsito àquela hora e logo alcancei o acesso para o meu destino. Um céu
magenta vívido começava a despontar no horizonte. Era indício de que o dia
seria bonito. Assim que terminou a longa
a subida sinuosa, o asfalto terminou e a estrada passou a ser de terra. Seguindo
a orientação do Homero, dois quilômetros à frente deixei a estrada principal e
entrei num desvio à direita. Mais parecia uma trilha de tão estreito. Depois,
ele me contaria que essa entrada mal cuidada contribuía para a privacidade do
sítio. Vencida a “trilha” uma clareira se abriu e contemplei uma paisagem
deslumbrante. Era o sítio do Homero. Um forte sol dourado surgia por trás da
imponente casa rústica e compunha um maravilhoso contra luz. Ele me esperava na
varanda com sua cuia de chimarrão. Homero é gaucho, iríamos treinar para a São
Silvestre. A topografia daquela região é bastante acidentada e propícia para
treinos de resistência. Tomamos um café da manhã frugal e logo nos pusemos em
atividade. E foi por montes e por vales, apreciando paisagens exuberantes, que
realizamos o treino. Quando voltamos, ao fim de duas horas e percorrida a
distância de vinte e dois quilômetros, a endorfina saía pelos cabelos e
estávamos exultantes. Um lauto almoço nos esperava. Depois, numa rede na
varanda, tirei o atraso do cansaço acumulado. Quando Homero me acordou já era
noite. Voltei para casa realizado.
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