DEL
Mario Augusto Machado Pinto
O Luiz da gerência mandou me chamar. É pra ir à sala dele, ordenou o moço
assistente.
Eu sabia que ia dar nisso! Fui adiando ir
lá, mas ele não esperou muito. Veio me procurar. Fiquei na moita o tempo todo
pra ele não me ver. Não adiantou. Foi logo destramelando sobre o que aconteceu:
- Tá
certo. Você trabalha aqui há tanto tempo que já faz parte dos móveis e utensílios,
mas isso não justifica seu faniquito. Onde é que já se viu? Briga aqui no
escritório não tá certo. Ainda mais de assunto pessoal!
- Mas o que você queria que eu fizesse?
Cruzasse os braços? Olha, antes de por a
procissão na rua, rezei missa, falei duro e expliquei que não aturava gozação
de marmanjo, mesmo sendo colega. O cara insistiu gritando o tempo todo.
-
Bem, o caso é finito. Vou colocar os dois no gancho e tá falado. Vai ao RH e no
DP. Estão avisados e te esperando. Acerta
a vida por lá. Cadê o garotão, hein?
- Diabo, não tá legal e você sabe.
Como chefe é chefe, tem caneta e apito,
fui, mas não estava conforme, continuava fervendo.
O Guto até que é um cara legalzinho, mas quando
deixei cair água no meu uniforme não precisava me gozar e me chamar de Maria Mijona na frente de todo mundo. A
gargalhada foi geral. Tem cabimento? Na
hora fiquei P da vida, espumando de raiva, encabulada com as risadas dos
colegas. Que ódio! Prometi a mim mesma que ia ter volta.
Ele foi passar o carnaval na Bahia e nos
convidou pra ir ao apartamento dele no sábado à noitinha pra ver o que filmou.
Foi uma exibição de filme e Power point.
Durou bastante tempo. Ao final alguém sugeriu pedir umas pizzas. Eu estava
olhando a repetição dos últimos slides e gritei
- Deixa
comigo!
Comemos, bebemos, cantamos e dançamos. Cada
um pagou o seu e fomos embora.
- Obrigada.
Até segunda!
Hoje ele chegou furibundo da silva gritando
pra mim:
- Você
foi a última, sua doida maluquete filha daquela coisa! Foi de propósito! Foi de
propósito!
Foi. Ao fechar o NB dele meus dedos “escorregaram”
e clicaram a tecla DEL.
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