Meditações
de Verão a Beira Mar
José Vicente Jardim de Camargo
O sol escaldante não dava
tréguas. ; O calor em baixo da tenda de praia
sufocava. A brisa do mar um bafo quente vindo de uma fornalha prendida. ; A areia branca e fofa da praia queimava a sola dos
pés. As ondas brancas convidavam para um banho refrescante, mas o contato com a
água era morno e não reanimava o corpo esmorecido...
Sentado, meu olhar
vasculhava o horizonte em busca de sinais que dessem esperanças de chuvas que
aliviassem o desconforto da pele ardente. Mas, o azul imaculado do céu só fazia
aumentar o desânimo de ter de aguentar mais um dia de calor intenso.
Só mesmo a natureza ao redor
com todo seu esplendor de luzes, cores, sons e mistérios numa simbiose
magnífica de mar, praia, rios e montanhas cobertas de matas nativas não me
deixava levantar em busca de locais mais frescos e aprazíveis. Ela me atraia,
me aprisionava e até podia ouvi-la por entre as ondas murmurar:
“Aqui estou há milhares de
anos. O tempo de tua presença comigo é infinitamente menor que o grão de areia
que pisas. Não desperdices a chance que tens. Refresca-te o corpo e o espírito com
a força dos meus dons. Absorva-me que te ajudarás a compreender melhor os “porquês”
do viver”.
Concordando, continuava prisioneiro
a meditar, porém, já estampando no rosto a transfiguração do dissabor do calor reinante
pela satisfação das respostas encontradas...
E, ainda sob o efeito
hipnotizador da natureza exposta, meu pensamento vagante confronta-se com a crise
das águas e cantarola um apelo:
“Água, água onde estás que não respondes? Por que te escondes nas
profundezas da terra e nos labirintos do céu?”
Resolvestes
vingar dos homens que por séculos não te deram valor, te esperdiçaram como algo
supérfluo e infindável?
Tua
ausência os assusta, e agora sentem que és tão necessária quanto o ar que respiram.
Retornes
que serás bem recebida e, cientes da tua importância, saberão preserva-te, aclamando-te Nosso Ouro Branco! ”
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