Sorriso Fiado - Vera Lambiasi

Sorriso Fiado
Vera Lambiasi


Teresa era a paixão do verdureiro Vitório.

Japonês risonho, gostava de vender à vista, mas o privilégio do fiado era dado à sua amada, cozinheira dos Araujos, na pacata cidade de Tupã.

Passava logo cedo, com seu carrinho, pela rua Guaianazes, para que Teresa escolhesse as melhores hortaliças.

— Tê! Gritava do portão. — Venha ver o seu Vitório!

Mas Teresa se guardava para o seu noivo Nilson, que trabalhava na fábrica de baterias Heliar.

Para Vitório, ela só mostrava o sorriso torto, na hora de assinar a caderneta.

O japonês insistia para que sua musa largasse Nilson, aquele branquelo de cabelo de tiro de guerra, e abrisse com ele uma quitanda.

— Ficaremos ricos! Eu, plantando, e você cozinhando, para oferecermos pratos prontos.

Por fim, Nilson cansou-se da castidade de Teresa, e foi visto na zona, com outras mulheres.

Vitório, arrumou uma sócia japonesa, pau pra toda obra, e montaram um sushi bar.

E a Teresa, linda morena, mudou para a capital, com a família Araujo, por conta da  transferência de trabalho do patrão e estudos dos filhos.

Um pouquinho antes da partida, Teresa conheceu João bonitão, vindo da importante cidade de Lucélia, que também queria trabalhar em São Paulo.


Foram todos.

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