O PROFESSOR
Carlos
Cedano
Radamés
era professor de espanhol numa escola privada da cidade. Alto, um pouco
desengonçado, era de poucas palavras, mas dedicado em seu trabalho, desenvolvendo
de modo meticuloso e detalhado.
Apenas
Fátima, sua assistente e também aluna, conseguia trocar algumas palavras já que
ela era responsável pelas tarefas administrativas e preparo do material para as
aulas.
Com
seus alunos era mais expansivo embora caçoassem de seu sotaque de “gringo” e
quando perguntavam sua nacionalidade dizia que era mexicano.
Numa
segunda feira, após de um fim de semana prolongado, apareceram na escola duas
pessoas pedindo para falar com dona Diana, a Diretora. Entregaram seus cartões
de visita. A secretária levantou-se e foi a ter com ela. Poucos minutos depois
reapareceu e disse:
—
A Diretora vai recebê-los. Por favor, podem acompanhar-me?
Ela
os esperava em pé ao lado de sua mesa:
—
Então os senhores são investigadores, é isso?
—
Sim, somos. - E explicaram-lhe que
estavam à procura de uma pessoa que pelas informações obtidas tinha sido vista
com frequência na escola. Entregaram-lhe uma foto:
—
Você o reconhece? - Perguntou o mais jovem dos investigadores.
A
Diretora olhou a foto e virou-se para sua secretaria e pediu-lhe para chamar o
Professor Radamés. Aos poucos o ambiente era invadido por um clima de mistério
que aumentou quando apareceu a Secretaria acompanhada de Fátima, ambas com ar
de preocupação.
—Que
foi? Perguntou dona Diana.
—
O Professor Radamés não veio hoje à escola! Disse Fátima.
Vendo
os rostos desorientados das três mulheres um dos investigadores disse:
—
Em realidade a pessoa que buscamos se chama Piero Lapania. Ele é argentino que junto
com dois comparsas roubaram um banco no bairro de Palermo de renda alta em
Buenos Aires, levaram uma enorme quantia em dinheiro, além de joias de 30
cofres arrombados. Isso aconteceu oito há
anos. Porém, esta é a primeira pista
concreta que temos para encontrar pelo menos um deles.
—
E que podemos fazer pra ajudar? Perguntou dona Diana.
—
Precisamos de cópia de todos os documentos dele. Isto é, precisamos cópia de
tudo o que arquivam. São necessários para compará-los com a caligrafia e
impressões digitais que temos em nosso sistema, para termos certeza de que se
trata mesmo do senhor Piero Lapania.
—
Vocês escutaram? - Disse a senhora Diana para suas funcionarias. Então mãos à obra! Estaremos esperando
aqui na minha sala, sejam exaustivas pediu a Diretora.
Passaram-se
quase três horas quando as duas mulheres voltaram, cansadas e nervosas. Que
acharam? Perguntou dona Diana.
—
Nada, absolutamente nada! E olha que revistamos tudo minuciosamente, disse
Fátima.
—
Dos arquivos da senhora o único dossiê que não achamos foi o do Professor
Radamés, quero dizer de Piero Lapania, ou como se chame - falou a Secretaria.
—
O que mais chamou nossa atenção foi o grau de “capricho” para retirar os
documentos, parece que foram revisados um a um retirando, aparentemente, aqueles
que deveriam ter a assinatura do professor, os outros foram recolocados com a
mesma habilidade e cuidado. Procuramos em cada canto do departamento e da
diretoria e nada! Os locais tinham sido cuidadosamente limpos e arrumados! Finalizou
a Secretaria.
—
Em conclusão - disse o investigador mais velho - as provas existentes desapareceram,
né?
—
Pois é, vamos ter que recomeçar tudo! O suspeito já deve estar muito longe e
sabe Deus onde! - Concluiu com pesar o mais jovem dos dois.
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