O Sequestro - Maria Amélia Favalle

O Sequestro
Maria Amélia Favalle

Julio e Murilo eram irmãos e moravam juntos.

Julio era o tipo bom administrador, responsável e pouco papo.

Já Murilo era  o inverso, risonho, brincalhão e mulherengo.

 A vida deles corria em uma farta rotina. Até que Murilo desapareceu e Julio recebeu um bilhete dizendo de um sequestro e pedindo resgate: "Venha sozinho” - dizia o final do bilhete.

O carro de Julio ia lentamente pela via pública, enquanto pensava no que teria acontecido para que Murilo tivesse sido sequestrado, quando estacionou ao seu lado uma viatura e o policial pediu que descesse do veículo.

O  jovem saiu do automóvel sob uma garoa fina e fria, que batia em seu rosto. "Já não basta a preocupação com meu irmão e agora este tempo inclemente e esse policial abusando de minha paciência".

Com o capô levantado o policial quis saber o que havia de errado com o veículo. No momento Julio pensou em pedir ajuda. Mas, logo se lembrou do bilhete que exigia: "Não avise a polícia, venha sozinho".

No entanto Julio não se sentiu apto a resolver a questão, então o jovem disse:

— O problema com o motor é de menos. Tenho um problema muito maior, que talvez o senhor possa me orientar.

E assim, Julio contou tudo o que acontecera ao policial. O profissional logo viu que havia necessidade de interceder, pois Julio não seria capaz de fazer o que era preciso. E além do mais era um caso de polícia, e decidiu:  

— Vamos trocar nossas roupas e eu mesmo levarei a maleta até o local indicado. Mostre- me uma foto do Murilo e me dê a maleta e o bilhete. Vou surpreendê-lo e logo trarei seu irmão de volta.

Apesar de a proposta ser arriscada Julio concordou e lá foi o destemido policial com a arma escondida sob a camisa, presa no cós da calça.

Ao  chegar ao local, logo o criminoso veio ao encontro com a mão estendida para a maleta, ele queria a grana. Mas o policial com uma destreza invejável o mobilizou imediatamente e o algemou.

Leve-me até a vítima se não quiser levar uma bala na cabeça. Desta maneira frustrou-se o que seria um pagamento de resgate.

Murilo estava abatido com as roupas rasgadas, mas ainda sorria para o policial.
Quando se encontraram os irmãos se abraçaram chorando. E agradecidos ofereceram parte do dinheiro ao policial como forma de gratificação pela vida de Murilo.


No entanto o agente de policia recusou dizendo que ele já era pago para fazer o seu trabalho.

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