OS TRÊS NARRADORES - LEDICE PEREIRA



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Narrador na primeira pessoa

A tristeza tomava conta e mim.

Eram tantas as tragédias que eu mal conseguia me levantar. Em posição fetal grudava à cama sem ter coragem de enfrentar a realidade.

Foi preciso minha mãe vir me forçar a deixar o quarto.

O relógio marcava 13:10h.

Minha cabeça pesava, o corpo doía.

Eu queria enfiar a cabeça no chão, qual um avestruz.


Narrador na segunda pessoa

Naquele emaranhado de gente, você procura alguém conhecido e não encontra ninguém.

Vai dando um desespero. Você se sente absolutamente só e desprotegida, sabe?
Tem vontade de gritar, mas quem iria te escutar?

Começa a rezar para encontrar um caminho. Parece que nem os santos te escutam.

No meio de tanta gente, sente-se só.

De repente, você dá de cara com aquele velho amigo em quem você sempre confiou. Uffa!

Salva pelo gongo!


Narrador na terceira pessoa

Enrico estava eufórico. Pela primeira vez havia sido selecionado entre os atletas para compor a seleção de vôlei que representaria a escola no campeonato interestadual.

Com apenas quinze anos tinha 1,98m e sacava bem.

Tinha se esforçado durante todos aqueles anos de treino para ser bom. Era assíduo e os colegas o chamavam de Caxias.

Deixa pra lá podem me chamar do que quiserem vou atingir meu objetivo, ainda sentirão orgulho de mim.

Valera o esforço: sacrificar as baladas de sábado para acordar ainda na madrugada do domingo e ir enfrentar os times rivais das escolas distantes.

Agora sorria. O sorriso da conquista, do objetivo traçado.

Um dia se Deus quiser serei melhor que o Lucarelli!

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