(Corso do Banho da Doratéia em Santos)
http://www.jornaldaorla.com.br/noticias/17164-cidade-carnavalesca/
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CARNAVAL
Sérgio Dalla Vecchia
Carnaval, festa brasileira
alegre, descontraída, festejada por todos os Estados. Cada um com suas
características folclóricas, entrosadas nos blocos e desfiles de rua, onde o
colorido das fantasias em ritmo de samba formava um cenário mágico,
transformando foliões em almas isentas de todas as agruras da vida.
No estado de São Paulo,
especialmente a cidade litorânea de São Vicente foi onde desde menino em férias
participei de inúmeros eventos carnavalescos.
Hoje avô, não considero mais
minha festa preferida, quando recordo nitidamente dos bailes nos primórdios do
Ilha Porchat Clube na década de 60. Do corso nas avenidas costeiras Presidente
Wilson e Vicente de Carvalho, onde havia troca de serpentinas, confetes, talco
e até farinha.
Muitos carros abertos, jipes
e caminhonetas parados no trânsito permitiam que os foliões descessem e
circulassem pela avenida trocando alegrias com os foliões vizinhos.
Lembro do ponto máximo da
animação na confluência da av. Ana Costa, onde existia o Parque Balneário de
Santos e o Clube XV.
Era só alegria, não havia
excesso de bebidas e não se percebiam drogas.
Do banho da Dona Doroteia,
onde um bloco de homens fantasiados de mulheres sambando entrava no mar brincando
com as ondas.
Dos bailes de salão nos conhecidos
Clube XV, Tênis Clube, Saldanha da Gama em Santos, Tumiarú e Ilha Porchat Clube
em São Vicente.
Da minha maioridade pulando
as quatros noites no Ilha Porchat Clube, onde a frequência era de famílias dali
mesmo, proprietários de apartamentos na praia do Itararé. Da pausa para
descanso no terraço com vista para o mar na companhia agradável de uma bela
moça.
Daquele ambiente familiar, onde
tudo corria bem e novas amizades sempre surgiam. Do cansaço gostoso de pular
literalmente o carnaval até onde as pernas aguentassem.
Entretanto, sendo saudosista
mesmo, observo nos dias atuais a distância das famílias, a percepção das
drogas, intolerâncias diversas, glamour dos desfiles cada vez maiores e
luxuosos. Carros alegóricos de tão grandes enroscam-se e se partem nas diversas
passarelas dos sambas das grandes cidades.
Toda essa ostentação, luxo e
os meios que a viabilizam, transformaram o carnaval mágico da alegria
espontânea, em uma felicidade teatral, diante das câmeras de tv e
arquibancadas.
Por isso, feliz, recordo do sucesso
da minha simples fantasia de bermudas, camiseta e sandálias. O esplendor era só
meu, não precisava de mais nada, apenas o coração alegre, uma garota e pés
frenéticos.
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