CARNAVAL - Sérgio Dalla Vecchia




CARNAVAL
Sérgio Dalla Vecchia

Carnaval, festa brasileira alegre, descontraída, festejada por todos os Estados. Cada um com suas características folclóricas, entrosadas nos blocos e desfiles de rua, onde o colorido das fantasias em ritmo de samba formava um cenário mágico, transformando foliões em almas isentas de todas as agruras da vida.

No estado de São Paulo, especialmente a cidade litorânea de São Vicente foi onde desde menino em férias participei de inúmeros eventos carnavalescos.

Hoje avô, não considero mais minha festa preferida, quando recordo nitidamente dos bailes nos primórdios do Ilha Porchat Clube na década de 60. Do corso nas avenidas costeiras Presidente Wilson e Vicente de Carvalho, onde havia troca de serpentinas, confetes, talco e até farinha.

Muitos carros abertos, jipes e caminhonetas parados no trânsito permitiam que os foliões descessem e circulassem pela avenida trocando alegrias com os foliões vizinhos.

Lembro do ponto máximo da animação na confluência da av. Ana Costa, onde existia o Parque Balneário de Santos e o Clube XV.

Era só alegria, não havia excesso de bebidas e não se percebiam drogas.

Do banho da Dona Doroteia, onde um bloco de homens fantasiados de mulheres sambando entrava no mar brincando com as ondas.

Dos bailes de salão nos conhecidos Clube XV, Tênis Clube, Saldanha da Gama em Santos, Tumiarú e Ilha Porchat Clube em São Vicente.

Da minha maioridade pulando as quatros noites no Ilha Porchat Clube, onde a frequência era de famílias dali mesmo, proprietários de apartamentos na praia do Itararé. Da pausa para descanso no terraço com vista para o mar na companhia agradável de uma bela moça.

Daquele ambiente familiar, onde tudo corria bem e novas amizades sempre surgiam. Do cansaço gostoso de pular literalmente o carnaval até onde as pernas aguentassem.

Entretanto, sendo saudosista mesmo, observo nos dias atuais a distância das famílias, a percepção das drogas, intolerâncias diversas, glamour dos desfiles cada vez maiores e luxuosos. Carros alegóricos de tão grandes enroscam-se e se partem nas diversas passarelas dos sambas das grandes cidades.

Toda essa ostentação, luxo e os meios que a viabilizam, transformaram o carnaval mágico da alegria espontânea, em uma felicidade teatral, diante das câmeras de tv e arquibancadas.

Por isso, feliz, recordo do sucesso da minha simples fantasia de bermudas, camiseta e sandálias. O esplendor era só meu, não precisava de mais nada, apenas o coração alegre, uma garota e pés frenéticos.


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