Férias de Carnaval - Maria Luiza C. Malina




Férias de Carnaval
Maria Luiza C. Malina

Agora coloco uma pitada de inveja na nova geração.

Estudávamos demais para não ficar de 2ª. epoca. Sabe por que? Porque nossas férias eram maiores do que as atuais, as aulas eram iniciadas após o carnaval e, a segunda época, justamente no período do carnaval que, já foi minha festa preferida. O último de que me lembro de ter participado entusiasticamente, foi aquele que...

Bem, esbaldávamos em finais de tardes na praça da Igreja, depois do toque do sino das seis badaladas, parecia que era ele quem chamava a turma para lá. Parecia um formigueiro. Os passantes de lá para cá e, de cá para lá. A paquera era roubar o namorado da então caipira, mas isso não dava certo. Pegou na mão já era “cumprumissu assumidu”.

Mas.... Ah este, mas!

Mas, sempre havia uma brecha e eles notavam a “açanhadice das moças da capitar” – carta marcada – todos e todas de prontidão para mais uma luta.

No baileco a coisa esquentava, com martelinho na mão gritando “quénc...quénc...” os atingíamos pelas costas, sem a parceira perceber e nela, sangue de boi, quando se virava para a esquerda de onde viera o jato já estávamos a uns três passos à frente, à direita. Assim foi.

De carta marcada a jovem casadoira deveria ser levada para casa. E ele...rapidinho voltava para a folia, esplendoroso como ele só – e, é claro que as famílias sentadas em suas mesas cativas, de longe tudo se via e nada se comentava – rolou um beijo. A coisa pegou

Não sei quem dos quénc... quéncs... também procuradores de uma moça de bom comportamento, encheu a cara da minha carta marcada. As famílias levantaram-se e o escândalo rolou pela cidade à fora.

No dia seguinte precisei embarcar para a “capitar”, com a carta marcada acenando por detrás de uma árvore na praça. No ano seguinte voltei, mas com um anel brilhando no dedo e à tiracolo, o noivo cujo braço no meu ombro, pesava mais do que um saco de café tão amargo quanto a saudade do primeiro beijo roubado.



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