A NOIVA E O ANJO - Antonia Marchesin Gonçalves




A NOIVA E O ANJO
Antonia Marchesin Gonçalves

                   Bernadete, após dois anos de namoro e noivado, como mandava as condutas morais em torno de 1950, ia se casar. No dia do casamento posou para a foto da posteridade com um ar angelical, sorriso moderado, toda de branco, recatado, segundo a moda da época.  Feliz, foi à igreja para a cerimônia religiosa, sendo a sua família católica e o futuro marido também.

                   Durante todo o evento religioso, via-se certo desconforto da parte dela, mas todos imaginavam que seria o nervosismo normal de noiva. Após a festança, os noivos foram viajar em lua de mel para Foz de Iguaçu e se hospedaram na cidade de Cascavel, que na época era uma cidade com poucos recursos, mas era perto das cataratas e tinha um hotel razoável. Durante dois dias não saíram do quarto nem para as refeições, as faziam no quarto, lua de mel pensava o gerente, normal.

                   No terceiro dia tudo mudou, ela liga para a portaria aos gritos dizendo que o marido havia morrido dormindo e aos prantos pedia ajuda. O gerente encontra realmente o marido dela morto, precisou chamar a policia para a constatação da morte e depois liberar o corpo para que voltassem a São Paulo. Mas o delegado achou estranho ele estar de olhos arregalados, boca aberta com expressão de susto, resolveu por sua conta chamar também o detetive Faro Fino seu amigo, em inicio de carreira, era uns dos primeiros casos. Iniciou a investigação fazendo uma varredura no quarto, olhando todos os detalhes que pudessem ter algum indicio do porque da expressão do morto.

                   Bernadete contou que estavam já dormindo quando o marido aparentemente teve um pesadelo e acordou muito assustado, suando muito e que ela lhe deu um copo de água com açúcar e voltaram a dormir, só de manhã que ela percebeu que ele não se movia. O detetive achou Bernadete muito pálida como se fosse de cera,  mas aparentando uma certa frieza nas atitudes, como se tentasse se mostrar politicamente correta, tendo um atitude falsa em demonstrar dor. Desconfiado resolveu acompanhar a viúva de longe, pois seu instinto dizia, aí tem coisa. A viúva e o corpo após dois dias foram liberados e o féretro seguiu para São Paulo, chegando lá todas as duas famílias unidas desconsoladas efetivaram o enterro.

                   Faro Fino acompanhou todo o processo e já em São Paulo resolveu continuar a sua investigação e passou a seguir a viúva, fazendo tocaia perto da casa. Durante os dois meses ela pouco saia, quando num fim de semana junto com os pais ela foi para a praia. Faro Fino resolveu ir também e se hospedou numa pensão perto o suficiente para continuar com sua investigação. Na primeira noite o luar estava maravilhoso, pois era lua cheia e seu reflexo no mar era estupendo. Estava ele fumando,  admirando a lua, quando vê um vulto sair da casa onde Bernadete se encontrava, rapidamente seguiu esse vulto, que andou até a praia, mas foi para a parte mais deserta onde haviam morrinhos com vista para o mar maravilhosa.

                   Escondeu-se  ele atrás de um desses morrinhos a espreitar com a certeza de que era a Bernadete, ficou perto o suficiente e para o seu espanto total aparece um ser alado ao lado dela e imediatamente ela o reverencia com a um rei. Ele vê os dois se comunicarem como verdadeiros conhecidos e ouviu que o chamou de Lúcifer. Não acreditando e com medo, pensou, achei que fosse um anjo, mas não, ela tem pacto com o Demo! Num certo momento o alado olhou em sua direção e ele pode ver os olhos vermelhos, pensou fui descoberto sentiu um arrepio pelo corpo todo, mas aliviado viu Lúcifer voltar a cabeça para Bernadete, esperou o alado ir embora e sorrateiramente voltou para sua casa. Voltando para S.P. no dia seguinte foi ver quais eram as atividades de Bernadete fora de casa, e descobriu que era frequentadora do templo da Seita do Satã.

                  Conseguiu descobrir através de escuta telefônica, que eles  a tinham instruído para que usasse a porção de veneno fornecida pela Seita para demonstrar a sua devoção e obediência, e que no nervosismo exagerou na dose.  O detetive alegando suspeita de assassinato mandou exumar o corpo e foi comprovada a causa morte. Dizia ela que tinha que mostrar para a Seita e o Lúcifer, que podia obedecer às suas ordens. Réu confessa, foi condenada e presa.

                   Mais um caso do detetive Faro Fino resolvido, agora sabia o motivo da expressão de susto do defunto, ele havia visto a esposa fazendo ritual demoníaco no meio da noite.

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