O MENINO DO BONÉ VERMELHO
Oswaldo U. Lopes
Passou apressado, correndo. Parou
diante da vitrine da loja de Artigos Esportivos e ficou olhando a camiseta que
fazia tempo namorava. Deu empate ela custava cinquenta reais e era essa a quantia
que ele tinha no bolso do casaco.
Enfiou a mão nesse bolso, para sentir o
dinheiro e ai tristeza imensa, não achou nada além de um furo grande lá no fundo, por onde os pobres reais tinham escapado.
Se soubesse a letra teria começado a
cantar “meu mundo caiu”, mas o fato é que seu mundo caíra. Foi quando ouviu um
zumbido e sentiu uma pedra grande passar e explodir na vitrine que se fez em
pedaços. Armou-se a confusão, o dono da loja saiu na rua, um pedaço do vidro
atingirá a menina Júlia que morava perto e estava passando na hora H.
Ela caiu, ele achegou-se e viu sangue,
muito sangue no rosto dela. O dono da loja olhava para ele muito desconfiado,
começou a juntar gente em volta, parados na calçada, olhavam a cena. Acenderam
uma vela. No Rio de Janeiro, acender velas continua sendo uma profissão, como
cantava Nara Leão (música de Zé Keti).
Ouviu-se um grito no meio da pequena
multidão “pega ladrão”, o menino do boné vermelho pensou rápido, vai sobrar
para mim, se vai pelo menos vou levar alguma vantagem:
— Um
médico, chamem um médico, antes que seja tarde demais (Nara Leão de novo).
Aproveitando a confusão, ele passou a
mão na amada camiseta e se mandou.
Nisso a menina Júlia, como que
recuperou a consciência e sentou-se na calçada. Alguém apareceu com um lenço e
ela enxugou o rosto e sorriu. Todos em volta também sorriram felizes por vê-la
bem e até apagaram a vela!
Foi só então que o dono da loja,
olhando a vitrine despedaçada, deu por falta da linda peça.
Oi, você quer saber quem jogou a pedra?
Eu também.
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