VOCÊ VAI MORRER! - Sérgio Dalla Vecchia


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VOCÊ VAI MORRER!
Sérgio Dalla Vecchia

Assim era ela. Meia idade, loura, vistosa e escritora.

Madalena adorava escrever desde pequena. Escrevia romances, e alguns contos.

Havia uma pousada no litoral norte de São Paulo, onde Madalena era habitue. 
Cada quinze dias ela descia a serra e lá hospedava-se na suíte predileta. Decoração praiana, clean, muita claridade, cores e paz. Ambiente inspirador para a escrita.

Madalena escrevia um conto sobre uma autora, que assim como ela se refugiava da grande cidade para um lugar tranquilo a beira mar, onde nunca lhe faltava criatividade literária.

Ouvia-se apenas o som do vento dançando com as árvores, e a madrugada, trazendo a energia do silêncio.

Madalena envolvida vorazmente em seu texto, fecha o conto com a frase: Você vai morrer!

Aliviada com o desfecho impactante que criou, ao mesmo tempo com pena da personagem, cogitava se terminaria ali mesmo, ou daria continuidade provocando um plot na história.

Madrugada adentro e nada de inspiração até que o telefone toca.

Desconfiada não atende.

Eram quatro horas da manhã.

— Quem seria? – Pensou.

Tocou novamente! Hesitou, mas a curiosidade feminina venceu.

— Alô! Quem é?

— Madalena, considere-se uma mulher morta! Morta, ouviu! – Disse uma voz grave de homem.

A linha cai, e ela se pergunta quem poderia ser.

Assustada, enquanto pensava no ocorrido, foi à copa tomar um copo de agua:

— Que coincidência anormal foi essa! Termino o conto com” Você vai morrer”,  e logo em seguida recebo uma ligação dizendo o mesmo para mim! Será que pirei? Estou misturando autor com personagem? Ou então!!! Será ele?

Com o semblante já alterado, ela foi até a recepção e indagou ao dorminhoco porteiro.

— A suíte 171 está ocupada?

— Sim senhora, chegou aquele senhor que sempre vem.

— Ah, só pode de ser ele.

Madalena reuniu toda sua coragem e seguiu em direção à suíte.

Bateu fortemente, gritando;

— Você está aí, seu desgraçado?

A porta abriu e ninguém apareceu!

Madalena entrou pé ante pé, quando de trás da porta pulou sobre ela um homem, vedando-lhe os olhos com as mãos:

— Quero que você morra de tanto rir, das piadas novas que tenho para lhe contar, e tirou as mãos dos seus olhos.

— Só podia ser você ZO seu palhaço! Quase me matou foi de susto!

Os dois se abraçaram como velhos amigos, e riram até o dia clarear.


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