FIM PROGRAMADO
Oswaldo
Romano
Essa foi forte. Esprimida. Se continuarem assim, dificilmente
vou resistir.
Estou sujeita. Dependo muito das pessoas. Se crianças, fica mais
sustentável. Velhos, dou risadas, principalmente quando mal me veem.
Tudo é muito gozado. Enlatada eu descanso. Ao ar livre, me
refresco, sinto ar, sinto vida. Tem também suas desvantagens. Me sujo muito.
Nas
desavenças, sofro vendo nulidades discutindo. Oh, gente de sangue quente.
Mentem, sempre. Lembram transtornos de
monges. Brigam, sem se tocar.
De manhã é pior. Eles vêm
com uma fome danada. Tento me segurar, mas é difícil. Aguento, é meu destino.
Quando não dá mais, meu grito é silencioso, ofegante. Em vez
de conforto e carinho, sou exibida. Falta de respeito, injustiça. Me raspam, fico
amarelada, por que já sou de natureza. Jogam-me fora. Consideram-me velha.
Quase sempre acabo sendo divertimento de cachorro. Alias os
cachorros me adoram, são delicados, apenas me seguram, nunca levei uma mordida.
Tenho receio quando me entregam aos seus donos. Não adianta. Jogam-me violentamente para os
cantos, quanto mais longe, maior é a satisfação.
Quando me aposentaram pensei ganhar uma
vida melhor. Não essa vida de cachorro.
Nunca perdi a esperança.
Enfim, também adoro cães.
Fui uma linda bolinha de tênis. Pegavam-me,
olhavam-me com carinho e altos pensamentos, antes de atirar-me.
Comparando o sucesso que passei nas
quadras de luxo, com estas de grama e mato, fico com estas. Adoro meus cães!
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