Mala proibida - Ana Maria Pinto


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Mala proibida
Ana Maria Pinto

Quem olha o terminal de bagagem de qualquer aeroporto, de qualquer  voo,  fica sempre inseguro sem saber se vai ou não localizar sua mala. São todas iguais, embora as pessoas façam todo o possível para lhes dar identidade, seja com laços, fitas ou correntes.

Trouxe a mala para casa, desejosa de abrir para mostrar os presentes comprados para amigos e familiares.

Os netos estavam ansiosos para ver se o que tinham encomendado teria vindo e se também teriam mais alguma surpresa.

Abre-se a mala e tinha surpresas sim! Misturadas com roupas que ajudavam a proteger, tinha uma coleção bem grande de cabeças de marfim esculpidas com enfeites todos diferentes. Fiquei perplexa! A mala não era a minha, e aquilo que ali estava, além de muito valioso, era proibido.

E agora o que fazer? Não havia qualquer indicação, para devolução  e muito risco em revelar o conteúdo.

Confesso que fiquei muito assustado. Comecei a pesquisar sobre a origem de tais cabeças e os resultados foram bem interessantes.

As cabeças das mulheres de diferentes tribos africanas são como um mapa,  os penteados revelam se é solteira ou casada, quantas cabeças de gado possui e muitas outras informações. O penteado é feito com esterco de boi e só muda quando alguma coisa muda na vida delas. Por isso elas usam para dormir um suporte feito de madeira, também com desenhos, para encostar a cabeça e também uns alfinetes grandes para espantar os piolhos.

Foi muito interessante, mas o susto continuava. O que fazer? Até que tive uma ideia brilhante.

Como ia viajar de novo levei a mala comigo e  deixei-a no terminal, na esteira, rodando........

Não sei o que aconteceu, mas durante muito tempo  não consegui dormir direito, tinha muitos pesadelos e as cabeças me perseguiam.

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