MINHA MOTO, MEU AMOR
Oswaldo
Romano
Braguinha estava noivo prestes a se
casar. Apaixonado por motos sua vida girava entre elas. No momento curtia uma
Harley 1200 CC. Toda manhã sua máquina era lavada e carinhosamente polida.
A noite dedicava-se a noiva, mas não se
separava daquela que ele mais amava. Edir, sua noiva, pressionada pelos pais,
descarregava nele a necessidade de se casarem. Já não o amava tanto, sentia
exagerado ciúme do seu, dizia, brinquedinho.
O tempo passava e Braguinha não se
decidia. Quem decidiu foi ela, resolveu dar um basta.
Ele não se deu conta que ela tomaria
essa decisão. Agora, tentar reverter ficaria para sempre uma mancha que
cobriria o amor volúvel, sujeito ao desmanche a qualquer momento.
Aceitou
a separação, e agora como apagar o que o fez em lagrimas? Conta com sua moto saindo por esse mundo afora.
Num giro pelas Bermudas conheceu praias
belíssimas, mas muito melhor teria sido em companhia da Edir. Ela não saia do
seu pensamento.
Disseram-lhe que a praia mais longa da ilha
ficava ali a pouco mais de vinte quilômetros. Correr desesperado por ela seria
um modo de esquecer o sofrimento.
Só não lhe avisaram que avistando seu
fim, regressasse, pois, lá viviam na aldeia índios revoltados, doidos por um
escalpelo.
Ciente do perigo, perigo que o enfurecia
ainda mais, à tardinha rumou para a longa praia. Queria na velocidade limpar
seu ferimento amoroso.
Quando avistou a aldeia indígena o sol
já se despedia, e as ondas molhavam seus pés. Assustou-se. Esqueceu-se da maré
que nessa praia sobe quatro metros nesse horário. É a chamada preamar.
Impossível o regresso.
Só
restava seguir até a aldeia, talvez os índios compreendessem sua situação.
Ou esperar até ser engolido pelas ondas.
Ah, Edir, Edir...
Nenhum comentário:
Postar um comentário