A LENDA DA
CHAVE PERDIDA
Carlos Cedano
Há muitos,
muitos anos um pequeno órfão chamado Tito morava com sua avó, Dona Zefa, perto
de um belo bosque. Nele viviam muitos pássaros coloridos, esquilos, lebres, e
até raposas além de muitos outros pequenos animais. O bosque parecia um pequeno
paraíso!
Tito era um
menino curioso e fazia muitas perguntas à Dona Zefa. Um dia perguntou-lhe por
que os aldeões chamavam o bosque de encantado.
Sua avó sorri e lhe disse:
— A lenda
conta que nele também moravam seres fantásticos: fadas, gnomos, aves inimagináveis
e bons espíritos em diferentes estados da matéria. O bosque era cheio de magia
e quem tomava conta dele era o mago Fanelão.
— Ele ainda
mora aí? Perguntou Tito com a curiosidade cada vez mais refletida no rosto!
— Não meu
neto querido, o Mago Fanelão perdeu sua chave mágica que, a pedido de Zeus,
Vulcano a tinha forjado. Vulcano entregou a bela chave ao primeiro Druida dos
primórdios da antiguidade. Desde então a chave tinha passado de mão em mão até
chegar a Fanelão. A chave tinha a
virtude de sentir a nobreza do coração dos seres que podiam adentrar o bosque.
— E como é que ele
sentia o coração dos que queriam entrar no bosque... Insistiu Tito.
— Todos os
que quisessem entrar passavam frente a Fanelão e se a chave mágica, pendurada em
seu pescoço, se iluminasse poderia
entrar! Esse novo ser vinha para fortalecer a felicidade reinante... Mas, infelizmente
a felicidade foi quebrada.
— Como? Perguntou
Tito, ansioso e interrompendo-a.
— Fanelão já
tinha mais de oitocentos anos, os magos também envelhecem né, disse Dona Zefa, por
descuido ou esquecimento a chave mágica desapareceu, nunca mais foi encontrada,
Fanelão ficou sem os poderes mágicos.
— E dai? Vó.
— Ele
desapareceu. Logo o bosque encantado contaminou-se com a luta pela
sobrevivência entre fracos e fortes e os seres mágicos que aí moravam partiram
para outras esferas do universo.
Tito ficou
pensativo por algum tempo e logo disse com firmeza:
— Vó, vou
procurar a chave mágica e não vou sossegar até achá-la!
A velha
senhora olhou para o neto com rosto cheio de amor e disse:
— A lenda também diz
que se você for ao bosque você não a encontrará. É ela que deverá achar você! A
chave mágica está no bosque sim, mas talvez até agora não encontrou alguém digno
de usá-la, ninguém fez por merecê-la. Creio que você ainda deve primeiro
aprender com o mundo dos homens antes de querer aprender no mundo dos
mistérios. Seu tempo poderá chegar, vai com fé, meu neto.
...
Aos 25 anos Tito tinha a alma revestida da mais
profunda fé, convivera por alguns anos com sábios e importantes filósofos conhecedores da vida. Agora, de volta,
desejava encontrar a chave misteriosa para devolvê-la ao lugar de origem. Sabia
que não a encontraria na floresta, mas no espírito das pessoas de bem. E foi
assim que após muitos anos Tito descobriu que a chave não era uma peça
metálica, mas um sentimento que sempre
esteve dentro dele mesmo….
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