MEU AMIGO PAPAI NOEL
CONTO DE NATAL
Passeava na floresta curtindo
meu hobby favorito, fotografar aves e gravação de seus cantos. Era a primeira
vez que levava meu novo equipamento completo e estava emocionado. Como cheguei
bem cedo consegui capturar imagens de muitas espécies e gravar alguns sons e o
balanço da jornada me deixava muito feliz, meus amigos ornitólogos como eu, gostariam
muito!
Quase no fim da tarde me
deparo com uma cena curiosa e inaudita, não acreditava no que via! Um senhor
sem calça, de camisa vermelha com mangas compridas e com uma longa barba muito
branca, transpirava intensamente e parecia acometido por algum mal. Quando me
viu, e percebendo minha cara de espanto disse:
― Pois é meu filho, sou
eu mesmo Papai Noel! Acho que a água que tomei no riacho da parada anterior me
fez muito mal, vomitei todo o alimento e agora sou puro líquido por cima e por
baixo e não sei que fazer! Por isso tive que fazer este pouso de emergência!
Ainda incrédulo me
aproximei do velhinho e perguntei:
― E cadê as renas e o trenó?
― Você não esta acreditando em mim, não é? Vá uns
vinte metros por esse lado e você verá! Tinha que protegê-las do sol e dos animais
ferozes - me disse apontando a direção a seguir.
Nesse momento o velho senhor
esboçou um espasmo estomacal e se retorceu, foi quando percebi que a situação podia
ser grave. Peguei minha caixinha de primeiros socorros:
― Na minha profissão nós
temos remédios adequados quando saímos de viagem de exploração na floresta. Vejamos
o que temos por aqui para o mal do senhor. Ah sim! - disse em voz alta - tenho remédio para a dor, para o enjoo e até
para combater alguma infecção estomacal se for o caso...
― Tá parecendo vendedor
de remédio! Vai logo cara e não enrola! Falou nosso amigo natalino com seu
rosto de sofrimento.
Felizmente os medicamentos
foram eficazes, uma hora depois Papai Noel estava quase em forma, sem dor e sem
enjoo, mas estava fortemente desidratado, fui procurar água num riacho próximo
e quando voltei o Papai Noel quase gritando me disse:
― Você vai me dar água
outra vez? Vai ver que está contaminada também!
― De jeito nenhum! Dissolvi dois comprimidos que a torna totalmente potável, pura e sem perigo,
você tem que bebê-la aos poucos, este cantil é grande e será suficiente até o
fim de sua viagem, também vai levar um conjunto extra de remédios, nunca se
sabe!
Comecei ajudá-lo a se
vestir, sua barriga fazia jus à lenda, era volumosa e natural. Vesti-lo até que
foi fácil, mas o que deu mais trabalho foi calçar as botas, nunca vi pés tão
grandes “entrarem” em botas tão pequenas! Seu ar sisudo até esse momento foi
desaparecendo e aos poucos, mostrava seu lado bonachão e alegre.
― O que mais me
preocupava – disse o Papai Noel - era
não poder entregar os presentes das crianças que moram nos Andes, tenho somente
até meia noite para entrega-los, mas graças a você esses meninos terão uma
noite muito feliz!
Antes de partir me abraçou
fortemente, foi o momento que mais me emocionou e minhas lágrimas brotaram. Ele
me olhou e soltou seu famoso
Ho! Ho! Ho!
Já subindo no trenó com as renas em posição de partida me perguntou:
― Qual é seu nome?
― Marcos. -
respondi.
― Não conte pra ninguém
a história que vivemos hoje, guarda-a em seu coração que eu também me lembrarei
de você com muito carinho. Adeus Marcos!
Acenei pra ele enquanto as
renas saiam em disparada perdendo-se no céu em poucos instantes!
Voltei
pensativo pra o acampamento, já estava bastante escuro: Pensei, ele tem razão, ninguém vai acreditar, só vão
achar que é um sonho de natal que estou contando!
FIM
Autor: Carlos Cedano
São
Paulo, 15/12/2015
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