MEU IRMÃOZINHO
Carlos Cedano
Entrando
em casa meu pai me viu e foi logo dizendo: que bom que você chegou cedo, eu e
tua mãe estamos amadurecendo um assunto já faz tempo, e queríamos comentá-lo
com você. Fiquei olhando pra eles com cara de interrogação! Alguma coisa grave,
urgente ou uma má noticia? Indaguei. Nada disso meu filho, disse minha mãe,
acho que até poderá ser uma boa notícia pra você. Sim, mas antes vamos sentar à
mesa, o jantar está esperando e pode esfriar, disse meu pai.
Em
quanto nos acomodávamos meu pai iniciou a conversa: Raul meu filho, daqui a
duas semanas você estará embarcando para o Canadá pra fazer seu curso de
especialização em cirurgia do estomago. Ficará longe por mais de dois anos e
esta casa, por assim dizer, vazia, sem alegria. Mas por outro lado eu e tua mãe
ainda estamos jovens, com disposição, saúde... Sim meu pai, falei quase o
interrompendo, vá direto ao assunto que estou ficando ansioso! Pois bem meu
filho, desta vez falou minha mãe, o que Ricardo está querendo comunicar-te e
que estamos pensando seriamente adotar um menino de cinco anos e queríamos
saber sua opinião, o que você acha? Como sempre minha mãe colocando as coisas de
forma “curto e grosso”!
Vocês
me pegaram de surpresa, em princípio acho a ideia boa, mas gostaria uma semana
pra pensar, pode ser? Com certeza respondeu seu Ricardo, esperaremos uma
semana! Pedi licença, ainda desorientado pela notícia, e me retirei pra meu
quarto. Sou solteiro, sem filhos e não tenho experiência nestas coisas, não sei
o que isso significa para meus pais, mas pelo que vi estão muito entusiasmados
com a ideia de adoção. Vou aproveitar a semana pra falar com alguns amigos, ouvir
outras opiniões e chegar a uma conclusão legal e poder dar uma resposta justa!
Escutei
varias opiniões e as anotei para refletir sobre elas.
A
primeira foi de uma ex-namorada, que me
disse: Raul, você está com vinte oito anos e todos os que virem essa criança na
casa de teus pais vão pensar que é teu filho e que teus pais “quebraram teu
galho” adotando-o, não acha?
Fui
falar com o padre Rodolfo, meu conselheiro espiritual:
Que
boa notícia que você me da Raul! Uma alma que será recuperada da pobreza e do
mau caminho! Seus pais são pessoas generosas, já pensou você passeando com seu
irmãozinho de mãos dadas? O padre me abraçou e me parabenizou pelos pais que tenho:
o casal perfeito! O padre não me ajudou, desorientou-me!
Dona
Maricota, grande amiga de meus pais. Ela me recebeu com carinho e me disse que
eu era pra ela como um filho. Quando contei sobre a ideia de meus pais ela
mudou, ficou seria e disse: Acho que eles estão assumindo muita
responsabilidade, criar um filho na idade deles será difícil, eu me sinto jovem
ainda, mas não assumiria esse risco, não quis casar por que criança dá muito
trabalho e preocupações! Ela me desorientou mais ainda!
A
última pessoa com quem falei foi minha atual namorada, Angélica, pessoa de
opiniões claras e de bom senso, após explicar a situação ela disse: Se teus
pais querem adotar um filho com certeza isso é muito importante pra eles, devem
ser pessoas com muito amor a dar que vai fazer uma criança feliz como fizeram
com você, né?
Abri
a porta silenciosamente, e os encontrei na sala conversando, apenas me viram e,
antes que eles falassem, entreguei um buquê de flores pra minha mãe e disse:
Estou ansioso por ver a
cara de meu irmãozinho, Foi maravilhoso ver como eles ficaram felizes!
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