ARANHA, ANDA. - Oswaldo U. Lopes



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ARANHA, ANDA.
Oswaldo U. Lopes


        Todo mundo ou quase todo mundo tem ou já teve um pet. No geral os comuns e corriqueiros: cachorro, gato, papagaio, canário etc. Conheci até um casal inglês que tinha uma arara (macaw na língua deles) como pet. A dita cuja comia com eles, torta de rim e peixe com batata frita e também dormia na cama deles. Quem acha que vida de pet é mole não sabe o que é ser macaw na Inglaterra.

        Cada um tem uma história para contar e um pet especial, diferente para lembrar. Já lemos ou ouvimos falar de animais de estimação diferentes e bota diferentes nisso: leão, tigre, urso, serpente, mas aranha só ele tinha.

        E conversar com a aranha só ele conseguia. Às vezes bebiam juntos e a teia dela ficava uma maravilha, com espaços largos e arriscados, com voltas e balanços incríveis. Quando repartiam um baseado, a teia ficava cheia de remendos e buracos mal acomodados.

        Que ele lembrasse só uma vez ela ficara enfurecida e passara mais de uma semana sem falar nem se aproximar, dera até para fazer cara feia só de olhar para ele.

        Tudo começara quando ele contou a piada do cientista português e sua experiência com a aranha.

        O dito cujo pousara a aranha numa mesa limpa e vazia e ordenara:
— Aranha, anda. - E ela andava.

        Depois lhe arrancara duas patas e repetira a ordem. Quando arrancou as oito pernas (lembremos que a aranha é um artrópode aracnídeo, isto é, tem oito patas e não tem antenas, diferentemente dos insetos que têm seis patas e antenas) e tornou a gritar:

— Aranha, anda.

         Ante a impossibilidade dela em cumprir seu desejo, concluiu:

— A aranha sem patas fica surda.

        A aracnídea até então muito amiga, ficou enfurecida. Estava as tintas para o cientista português, mas achou uma afronta arrancarem as patas da colega, assim sem mais, sem menos. Crueldade da mais absurda.

        A amizade só se restabeleceu a custa de muito carinho e muita comida e bebida especiais.

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