Pareidolia - Maria Luiza de C. Malina



PAREIDOLIA             
M.Luiza de C.Malina


A fechadura do guarda roupeiro cambaleava com um prego meio à solta.

A sombra de um martelo a incomoda,  e grita aflita:

— Aquele monstro vai acabar calando-me a boca!

A peça transforma-se em uma “figura pareidólica”. Faz careta de chorona. O martelo percebe. Tenta a pontaria por várias vezes. O leve vai e vem se transforma em figuras assustadoras.

Acertado o ponto, a sombra chega antes da pancada. Acaricia-lhe dizendo:

— Calma menina, sou apenas uma sombra que ajuda. Assim você não cairá.

A fechadura não sente o impacto real pelo susto da aproximação da ferramenta.

O pressentimento aumenta a dor. Se você o conhece, é possível controlá-lo.

Na verdade, a expectativa é que é lenta e dolorosa.

O martelo acertou o prego em uma só batida.




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