Uma má, mas ¨boa¨ empregada - Fernando Braga



Uma má, mas ¨boa¨ empregada
Fernando Braga

Cristina, ou Tina, de uns 30 anos, veio procurar emprego na casa do sr.Agostinho. Sua esposa, dona Filomena, simpatizou-se com  ela e a aceitou como cozinheira.  Fazia o trivial. Estava sempre bem humorada, disposta, alegre, feliz, e também era sexy. Após uns dois meses neste trabalho, passou a enviar olhares maliciosos para o seu Agostinho, que era descendente de portugueses e que, apesar de seus 50 anos, tinha o sexo na flor da pele.  Um dia em que Filomena não estava em casa, resolveu ir até a cozinha e agarra-la por trás. Ela levou um susto, virou-se e tacou-lhe um beijo na boca. Daí começou um romance e toda vez que sua esposa saía eles partiam para o crime. O casal tinha posses, um belo carro, chofer particular e uma vida social importante. Um dia, dona Filomena resolvera dar um jantar para cinco casais de amigos e logo avisara Tina, de que precisariam caprichar, pois seus amigos eram muito queridos. A mesa ficara bem posta, com toalha e guardanapos de linho, pratos portugueses um belo vaso de flores no meio. O prato principal seria uma bela lasanha, que Tina pedira para deixar inteiramente por sua conta, pois neste prato era uma expert. Quero ver, disse Filomena. Após aperitivos com queijos diversos, patês, torradas e aperitivo preparado pelo dono da casa, sentaram-se todos e passaram a se servir da entrada para a qual a própria Filomena preparara uma bela salada, com vários componentes, melão com presunto cru, uma sopa fria, tudo regado por um vinho alentejano, o cartuxa. Todos elogiaram muito o início do jantar, esperando pelo prato principal enunciado por Filomena. Tina trouxe então duas travessas grandes de lasanha, e todos passaram a se servir abundantemente e em seguida a degusta-lo. Eis, que alguma coisa saíra errado, o sabor estava muito estranho e fortemente salgado. Um olhou para o outro esperando algum comentário. Mas nada, todos ficaram na sua, quietos. Filomena e Agostinho passaram então a comer e também perceberam que o prato estava horrível. Filomena virou-se para Agostinho e comentou em voz alta: Ela é louca, estragou o jantar, a lasanha está horrível! Vou chamá-la para ver o que aconteceu. Nesta altura, Agostinho ficou branco, tinha culpa no cartório e medo que o caldo entornasse. Disse para Filomena não se exaltar e que era melhor protelar, conversar com ela, em particular, no dia seguinte. Mas, Filomena não se conteve e chamou pela empregada em altos brados. Ela se aproximou da mesa e em seguida a patroa, em voz agressiva pediu a ela que se explicasse. Ela ficou quieta, com a cabeça baixa. 

Filomena continuou:

- A lasanha está horrível, você disse que sabia fazer este prato, você é louca, não entende nada, e eu sou muito melhor do que você para cozinhar, para fazer lasanha!

Ninguém   esperava que Tina respondesse, mas com voz firme disse:

- Você pode ser melhor pra fazer lasanha, mas sei que sou muito melhor que você na cama!

Nesta altura todos olharam em direção a Agostinho, que ficou pálido e completamente atônito, parado. Sua mulher dirigiu-se a ele e disse:

- Agostinho, você teve coragem, você...você!

Foi quando Tina, altivamente retrucou: Quem disse isto foi Joaquim, o seu chofer!! Então todos desviaram os olhos de Agostinho e miraram Filomena, que mandou a empregada sair de sua frente e perguntou a todos se podia servir a sobremesa. Todos disseram estar muito satisfeitos e logo começaram a se despedir, não esperando nem pelo cafezinho.

Ninguém sabe o que aconteceu em seguida!! Tina sumiu, sem dizer mais nada. Agostinho e Filomena continuaram a vida, sem voltar ao assunto.



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