ECOS DA ILHA - Maria Luiza C.Malina

 


ECOS DA ILHA    
Maria Luiza C.Malina

 A porta da memória esquecida abre-se para o entardecer da vida, de uma aliança apagada no frio da estrada azulada que separa o continente, da ilha.

O nada enriquece a visão ardente da ilha em seu momento desnudo de prazer.

O sol ardente, alimentando-se das últimas gotas de suor do jovem sedento pela maior onda, reflete nas águas a cor do ouro, enchendo os olhos esmeraldeados da cabocla, recostada à janela, suspirando pela brisa macia, clamando por palavras abafadas.

Ondas supérfluas compactuam com as vozes arenosas no seu calmo quebrar. Produz o som seco de um tambor em final de tarde, abraçando mais uma noite de grandes segredos que ecoam pela ilha.

O silêncio das praias desertas sugere um caminhar solitário. Os pensamentos esbranquiçados esvoaçam rumo ao nada. A ave perdida pousa calma, beliscando a areia risonha à procura de alimento. Outras chegam leves. A paz ensurdecida é quebrada pelo estalo de um chamado ao longe.  

É a hora da Ave-Maria. Tudo se acalma. O tempo se alinha.


É o fim do sol, que ainda persiste a piscar entre as nuvens. O derradeiro calor atordoante de um beijo inesperado à terra.

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