PRECISA SER BRASILEIRO PARA AMAR O
BRASIL?
Antonia
Marchesin Gonçalves
Nós brasileiros, me incluo Sou italiana, mas brasileira
por escolha. Nunca me naturalizei, pois nunca me foi exigida tal atitude, nem
para trabalhar ou casar, pois no Brasil não é a naturalização não é obrigatória,
assim passou despercebida a minha nacionalidade.
Nós brasileiros estamos assistindo um impasse político de
grande responsabilidade dos eleitores, um momento nunca visto. Tenho sessenta e
sete anos no Brasil e cinco vividos na Itália, esqueço que sou italiana, não
tenho nem sotaque característico dos oriundos, mas o Brasil é minha escolha de
vida.
O que eu quero dizer é que cresci num bairro onde
conviviam japoneses com suas quitandas, judeus com suas lojinhas de roupa,
libaneses com suas lojas de tecidos e armarinhos e brasileiros e portugueses
numa total harmonia, solidariedade, amizade e ajuda mútua. Assisti ao governo
militar no país, entendendo pouco por ser criança, mas presenciava as polêmicas
discussões que aconteciam em casa, por
ser meu pai politizado e ter participado na segunda guerra, não podia nem ouvir
falar em comunismo ou outro tipo de política, que não fosse a Democracia. Já
adulta e casada ouvia de pessoas bem chegadas, quando tentava opinar sobre os
governos, que como eu não era brasileira não devia me pronunciar.
O papel de naturalização faria diferença? Se eu
estudei, trabalhei, sou casada com brasileiro, ele descendente dos quatro avós
portugueses, filhos brasileiros, que até hoje nenhum deles tirou a cidadania
italiana, pois teriam esse direito se quisessem. Não posso me pronunciar a
respeito do que está acontecendo neste país? Tenho tamanho amor por ele, a
ponto de quando viajo volto mais apaixonada. Sinto revolta quando assisti e
assisto a vergonha da corrupção tão grande, não que na Europa não exista, se
sabe que sim, mas feita por pessoas que se diziam defensores do povo, de uma
forma vergonhosa e assustadora tão
grande que é, a ponto dos próprios brasileiros desencantados, estão indo embora
largando tudo aqui para irem morar na Austrália, Canadá, Portugal, E.Unidos, pois
não sentem mais confiança de melhoras e nem confiam em nossos políticos.
Chego a pensar agora aos meus setenta e dois anos em me
naturalizar, mas um voto faria a diferença? Lógico que não. Certa vez em casa do político
eminente, me pediu votos, ele sabia da minha nacionalidade e me disse, o importante
era fazer o trabalho de trazer simpatizantes. É o que precisamos agora. Procuro
conscientizar com quem eu convivo da importância da realidade política, leio
muito e ajudo através de trabalhos sociais a melhorar com o meu grão de areia,
amenizando quem mais sofre, já que o governo não faz a sua parte. Por isso sem
citar qualquer partido ou pessoa, não dá para assistir as agressões feitas por
determinados fanáticos, movidos pela lavagem cerebral ou pela total ignorância
conveniente, por não terem o interesse em ler e ver o que acontece nos países
vizinhos, através de mandos ditatoriais
e serem elogiados e motivo de exemplo de governo ideal.
Fico muito triste e apreensiva do futuro dos nossos
filhos e principalmente netos, pois herdarão as consequências destes votos tão
importantes para o país. Rezo todos os dias para que “DEUS” ilumine a nossa
terra e os brasileiros abençoados por ele, pois o futuro está em nossas mãos.
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