RESPEITOSO.
Mario Augusto
Machado Pinto
Esse
cara demora pra fazer as coisas. Não adianta telefonar, enviar e-mail pedindo.
Faz quando quer ou responde por monossílabos. Sua voz não se altera ao
responder de maneira soada, quase que debochada. Imagino que esteja com a cara
mais-mais do mundo. Também entremeia longos silêncios entre as frases da
resposta esperando desconcertar o perguntador.
Às
vezes faz e não diz nada. É porque acredita que assim tem poder, domina a
situação. Silente, aguarda pelo término de alguém o comentário do que está
sendo dito e o repete mudando um pouco as palavras, esquece, ou não está nem aí
que o interlocutor possa escutar. São dignos um do outro: este, um intrometido.
Ele, pior, parece papagaio de pirata, pet de madaminha. Fico desgostoso. Às vezes
sinto a emoção me invadir ao caminhar para a lamentação...
É
muito triste.
A
tristeza acomete, mas antes vem a raiva. Tudo feito, a impressão é de peso
morto carregado com enfado, suportado, como quem diz “Não tem outro jeito.”
Cara, não faça
assim
Magoa desse jeito
E devagar leva ao fim
Do amor no peito.
Claro.
Ainda mais que a gente quase não se vê. Não quero entre nós cortado o já tênue fio
que nos une e por menos que você acredite, eu o amo. Sim, amo, mas parece que você
não crê. É que o faço silenciosamente na mór
parte do tempo demonstrando com pequenos gestos e algumas palavras, chistosas
às vezes, mas sempre alegres e respeitosas o quanto você significa pra mim. Percebeu?
Não muito, mas penso que sim. É quando peço para vê-lo e você diz que está em
falta.
Sim, respeito o
seu eu
Desabusado, largo
Não seja só um mal meu
A falta d´então
afago.
Sim, respeito o
seu eu
Só há um pouco de dor
Que não vai com o tempo
Tempo, olha,
não é flor.
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