AMOR
DE INFÂNCIA
Ledice Pereira
Flávio
e Isabel eram da mesma cidade e se conheciam desde criança.
Seus
pais eram amigos e se reuniam sempre levando consigo os pequenos.
Acostumaram-se
àquela convivência que, na adolescência, transformou-se num sentimento maior.
Juntos
descobriram as várias fases do amor.
Tinham
gostos parecidos, do musical ao literário.
Ele,
exímio pianista. E ela verdadeira Maria Callas. Formavam lindo dueto escolhendo,
juntos, o repertório.
Os
dois se prepararam ao mesmo tempo para entrar na Universidade de Música. Ele
optou por fazer piano e composição enquanto ela dedicava-se ao canto lírico e à
flauta.
Até
então nenhum dos dois interessara-se por mais ninguém. Viviam um para o outro e
achavam que se bastavam.
Mas
a vida lhes preparou uma provação.
Isabel
começou a sentir-se fraca e de repente não conseguia mais atingir notas agudas
o que antes fazia sem nenhum sacrifício.
A
mãe levou-a ao médico. Descobriu-se um nódulo nas cordas vocais que,
investigado, revelou-se um câncer.
Submetida
a delicada cirurgia e sessões de quimio
e radioterapia, ela se recuperou depois de longo período. Contudo ficou
impossibilitada de cantar.
Enquanto
isso, Flávio, que cada vez se destacava mais, conseguiu uma bolsa de estudos
para continuar seu curso de música na Áustria. Não podia perder aquela
oportunidade.
Despediram-se
chorando convulsivamente. Fizeram promessas, um ao outro, de amor eterno.
Após
cinco anos ele voltou formado e consagrado. Vinha acompanhado de uma linda
jovem cantora vienense por quem se apaixonara e com quem passou a dividir o
palco apresentando-se em turnês por vários países.
Isabel,
que cumpriu a promessa de esperá-lo, amargou grande decepção com aquele amor de
infância que julgou eterno.
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