1 8 8 8 - José Vicente J. de Camargo



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José Vicente J. de Camargo


Liberdade! Liberdade!
Clama a voz dos intelectos nas academias
Opondo-se ao sangue nobre das fazendas negreiras
Que se inflama na visão sensual
Dos quadris rebolantes das mulatas jambeiras
É crime! É crime!
Grita a voz da escravidão revelando os horrores mortais das senzalas
Mas a riqueza fértil da terra do ouro verde
Silencia o clamor de socorro dos candomblés
Extravasado na capoeira ritmada dos berimbaus
A mancha negra aumenta seus tentáculos
Os rebolados aquecem com crescente volúpia
As alcovas dos engenhos
Até que forçada, arrancada da inercia pela força vigorosa da abolição,
A justiça se digna a rasgar o véu da vergonha
E tardia se perpetua no áureo decreto da princesa
Que altiva proclama:
“Deixo meu reino pelos grilhões abertos” 

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