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José
Vicente J. de Camargo
Liberdade!
Liberdade!
Clama
a voz dos intelectos nas academias
Opondo-se
ao sangue nobre das fazendas negreiras
Que
se inflama na visão sensual
Dos
quadris rebolantes das mulatas jambeiras
É
crime! É crime!
Grita
a voz da escravidão revelando os horrores mortais das senzalas
Mas
a riqueza fértil da terra do ouro verde
Silencia
o clamor de socorro dos candomblés
Extravasado
na capoeira ritmada dos berimbaus
A
mancha negra aumenta seus tentáculos
Os
rebolados aquecem com crescente volúpia
As
alcovas dos engenhos
Até
que forçada, arrancada da inercia pela força vigorosa da abolição,
A
justiça se digna a rasgar o véu da vergonha
E
tardia se perpetua no áureo decreto da princesa
Que
altiva proclama:
“Deixo
meu reino pelos grilhões abertos”
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