O VIZINHO
M.
Luiza de C. Malina
No
prédio de três andares, todos se conhecem, ou já se viram algum dia. Meu
vizinho abaixo do meu, é assim, aquele tipo latino de Antonio Banderas.
Mudou-se há dois anos, vindo da Califórnia. Alto e falante, como a maioria dos
americanos sedutores. Sem problemas para
novos entendimentos, uma vez que fala vários idiomas e com um sorriso
encantador.
Eu
não sei o porquê, mas ele nem me percebe. Vivo a suspirar, com o lendário copo
apertado na orelha a ouvir as conversas pelo chão. Ridícula, penso. Quando
silencia ouço seu respirar. Tenho sorte, ele esta abaixo de mim, sua cama deve
estar na mesma posição da minha, durmo embalada neste doce sonho de abraçá-lo.
O despertador me acorda num susto de cair da cama, acho que o acordei, também.
A
boca de sua caixa postal vomita correspondência. Deve ser por conta de seu
carisma. Arrisco pegar uma correspondência para ler seu nome. Ele surge do nada
apressado. Olha-me profundamente, levando minhas pernas a cambalear. Ele me
percebe. Com um sorriso de “eu não vi nada” cumprimenta com um “hello” e se
distancia. E eu sento na escada para respirar o seu ar.
Está muito natural e bem humorado, Maria Luiza. BJs, Suyzana
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