MEU NAVIO NEGREIRO
M.luiza de C.Malina
A
Negra do navio negreiro, bela e escultural entre os guerreiros,
Afoga
a dor do espanto do banzo entre os bantos.
Confiante
seu medo esconde, entre as longas saias de fartas ancas, entre tantas.
Grossas
coxas perfeitas modelam as folhas do fumo, entre cubanos e bahianos, os mais
caros, oferecidos serão, aos senhores coronéis do engenho os levarem à boca e se
deliciarem no vagar, com o sabor e o olor no mais escuro de seus pensamentos,
das mãos morenas em movimento, alisando a folha sobre a morenez da coxa com seu
calor de mulher e do balanço do andar, acostumado ao balanço do mar.
Da
proa que cortava os mares no quebrar das ondas, misturadas ao murmúrio dos
bantos, restou a lembrança do gralhar alegre das gaivotas sobrevoando o país
das maravilhas.
O
destino das marés a leva ao Bataklan. A fumaça defuma, a seda das vestes da
morena na mistura do perfume e da boa bebida. Coronéis de ternos brancos, da
cor branco dos olhos e dos dentes que se sobressaem na escuridão, levam a
paixão da morena de pés descalços e piteira na boca, ao seu colo, com promessas
vagas que mais se parecem às vagas de um oceano sem fim, misturadas às lágrimas
de um amor proibido.
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