Dra. FRANCESCA FLOWER - MÉDICA
Fernando Braga
Esta estória se passa na zona rural de
uma vila inglesa, nos anos finais do século XIX, onde clinicava Francesca, uma
médica, fato raro na época, formada há cinco anos em Oxford. Era muito dedicada
a seus pacientes, inteligente, estudiosa
e frequentemente participava de reuniões, cursos em centros médicos
maiores, ganhando experiência todos os dias. Atendia a chamados na zona rural
próxima, utilizando-se dos meios de transporte da época: o cavalo ou a
charrete.
Naquela manhã de primavera, Francesca
fora solicitada para tender com urgência, uma criança que estava passando muito
mal em uma casa da zona rural a poucos quilômetros da vila. Selou sua égua e partiu imediatamente e em
lá chegando, apeou junto à porta de uma casa modesta, com aparência típica da
maioria das casas rurais inglesas. Portando sua pequena valise, bateu à porta, sendo
logo atendida por um rapaz jovem, de uns 25 anos que, muito aflito logo a
conduziu ao aposento, onde estava deitado um bebê, de 6 meses da idade. Tinha a
seu lado uma jovenzinha de no máximo 20 anos, a mãe.
A médica quis saber o que havia
acontecido Ela referiu à médica, que não
sabia nada, pois, desde que nascera, era uma criança normal, esperta, risonha e
que de repente, ficara muito doente, apresentando convulsões, rigidez e não
atendendo mais aos chamados.
Referia ainda, que a criança estivera sob
os cuidados de seu marido, enquanto fora fazer umas compras na vila, e ao
voltar havia deparado com este quadro triste
O pai, muito tenso, referiu que tudo estava muito bem, quando no berço,
ela começou a se retorcer e teve convulsão .Disse estar apavorado vendo seu
filhinho naquele estado e suplicou â médica que tudo fizesse para salvá-lo.
A médica despiu a criança para poder
melhor examiná-la , observando uma criança
rígida, com respiração ofegante e inconsciente. Na porção superior de
cada braço, próximo ao ombro, havia um pequeno hematoma e nenhuma marca de
trauma junto ao couro cabeludo e cabeça.
Em uma charrete, com a mãe, a criança
foi levada às pressas para o pequeno hospital da vila, mas logo após dar
entrada, teve parada cardíaca e veio a falecer. A médica ficou muito triste,
preocupada, pensativa e disse aos pais que
o atestado de óbito, só poderia ser dado após feita uma autópsia e para
isto teria que levá-la a Oxford. A autópsia foi realizada, mostrando um grande
sangramento no cérebro, que só poderia ter ocorrido por algo traumático. Não
havia sinais de traumatismo na pele do couro cabeludo ou mesmo na parte óssea
do crânio
A pedido da médica, o caso foi levado
para o departamento policial e os pais foram chamados para prestar declarações.
Quando o pai foi chamado, estava pálido e para o investigador, mostrava que
escondia algo. Ao ser pressionado pelo
experiente policial, alegou inicialmente, que seu filho havia caído de seu colo
e batido fortemente a cabeça no chão. O policial enfatizou que não havia
qualquer marca de traumatismo sobre o
crânio. A pressão
investigatória tornara-se tão intensa que, chorando copiosamente, o pai relatou
que a criança chorava muito, ficou muito irritado, a ponto de tirar a criança
do berço, pegando-a pelos braços junto aos ombros, sacudindo-a para frente e para trás para conter o seu choro
intenso. A criança ficou quieta, mas logo começou a retorcer o corpinho, ficou
dura e teve convulsão. A médica que
pediu para assistir o depoimento deu um suspiro e disse que agora tinha
explicações para o caso, a presença dos hematomas nos braço e os outros
sinais..
O caso foi apresentado em uma reunião
do Departamento de Medicina da Universidade de Oxford, registrado nos anais
como um caso de “síndrome do bebê sacudido”, hoje bem conhecida na medicina,
principalmente por pediatras e médicos de pronto socorro, que junto à síndrome
da criança espancada, formam duas entidades importantes para deixarem de ser reconhecidas.
Um adulto em estresse, segurando um bebê
pelos membros ou ombros, sacudindo-o, pode produzir movimentos amplos da
cabeça, com forças de aceleração e
desaceleração intensas do cérebro dentro do crânio, com lesões graves do parênquima e hemorragias,
levando a convulsões, torpor e morte.
Pais estressados, alcoólatras,
drogados, babás nervosas, namorados das mães, padrastos e muito raramente as
próprias mães, pela ordem, são os responsáveis por esta síndrome. O choro
incontido do bebê é o gatilho.
Parabéns doutora Francesca
Flower!!!
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